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É impossível simplesmente responsabilizar uma geração que não passa sua fé para a próxima. Será que a primeira geração não conseguiu chegar lá, ou foi a segunda geração que apenas endureceu seu coração? Geralmente, a resposta é: os dois. Os erros cometidos por uma geração cristã, são, muitas vezes, computados na próxima geração, que se torna apenas nominal.

O compromisso é substituído por condescendência e, em seguida, por permissividade.

Um exemplo interessante é o início da Nova Inglaterra. Quase todos os primeiros colonizadores, de 1620 a 1640, eram cristãos vitais e bíblicos. Mas em 1662, a primeira geração percebeu que muitos de seus filhos e netos eram apenas crentes nominais, ou seja, crentes apenas de nome. Eles acabaram instituindo uma “Aliança Intermediária”, permitindo que pessoas que foram batizadas quando crianças pudessem votar, mesmo que, quando adultas, não fossem membros de igreja.

Deuteronômio 6.4-9 e 6.20-25 são instrutivos aqui. Estes textos nos mostram o que deve ser feito para transmitirmos nossa fé.

1. Ame a Deus Ardentemente

Com estes mandamentos em nossos corações, podemos amar a Deus completamente (v. 6). Isso significa que não seremos hipócritas ou inconsistentes em nosso comportamento. Os mandamentos não são apenas mantidos mecânica ou parcialmente; pelo contrário, Deus afeta a todos nós completamente.

Pessoas mais jovens são sensíveis a qualquer inconsistência. Esse é o primeiro motivo pelo qual uma geração mais nova pode se desviar da fé de uma geração mais velha. Um exemplo é como a juventude nascida depois da Segunda Guerra Mundial se afastou do cristianismo tradicional, após ver as igrejas implícita ou ativamente apoiando políticas e práticas racistas, e muitas igrejas renomadas se opondo ao movimento pelos direitos civis.

2. Imprima Verdades de Maneira Prática

Devemos aplicar o evangelho na prática, não apenas de forma acadêmica ou abstrata. Deuteronômio 6.7 não é sobre promover palestras regulares para a família. As referências a “sentar… caminhar… deitar e… levantar” referem-se às rotinas da vida diária.

Portanto, instruir na verdade de Deus não se refere a uma série de palestras e aulas; antes, devemos “imprimir” as verdades sobre Deus, ao mostrar como Ele se relaciona com a vida concreta e diária. Este é um chamado para sermos sábios e prudentes em relação aos valores e às virtudes do evangelho, em como eles influenciam especificamente nossas decisões e prioridades.

3. Testemunhe Pessoalmente

Os versículos 20 ao 25 nos dizem que devemos vincular as doutrinas da fé às obras salvadoras de Deus em nossas vidas. Devemos dar testemunho pessoal da diferença que Deus tem feito a nós, como Ele nos conduziu da escravidão à liberdade: “Éramos servos […] porém o SENHOR de lá nos tirou com poderosa mão”. Não devemos apenas falar de crenças e comportamentos, mas também de nossa própria experiência com Deus. Devemos ser sinceros sobre nossas lutas para crescermos, e transparentes sobre como o arrependimento trabalha em nossas vidas. Não devemos ser excessivamente formais e impessoais ao expressarmos nossa fé.

Em resumo, devemos ser coerentes em nosso comportamento, sábios para com a realidade e afetuosamente pessoais em nossa fé. A história e a experiência nos mostram que essas três coisas são difíceis de cumprir em larga escala. Muitos cristãos se apegam às instituições e à instrução formal para “transmitir fé”. Tendemos a achar que, se instruirmos nossos filhos na verdadeira doutrina, os protegermos de comportamentos imorais e os mantivermos envolvidos na igreja e em organizações religiosas, então fizemos o suficiente. Mas os jovens não se desviam apenas por causa dos maus exemplos, mas também por causa de pais que não estão “ligados” sobre a vida e o mundo em que seus filhos estão vivendo, ou que não são francos sobre suas próprias vidas espirituais internas.

Nota do editor: Este artigo é adaptado do livro Juízes Para Você (Timothy Keller, Vida Nova, 2016).

Traduzido por Raul Flores

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