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Procuro encontrar um tempo todos os dias para três tipos de oração em particular: meditação (ou contemplação), petição e arrependimento. Concentro-me nos dois primeiros logo pela manhã e no último quando já é de noite.

A meditação é na verdade uma mistura ou um terreno comum entre a leitura da Bíblia e a oração. Eu gosto de usar o método contemplativo que Lutero descreve na famosa carta sobre oração que escreveu ao seu barbeiro. O método é basicamente o seguinte: a partir de uma verdade bíblica, faça três perguntas: O que essa verdade me ensina de louvável a respeito de Deus? O que ela me mostra sobre mim mesmo que eu preciso confessar? O que nela aprendo que devo pedir a Deus? Adoração, confissão e súplica. Lutero propõe que continuemos a meditar assim até que nossos corações sejam aquecidos e derretam sob a sensação da realidade de Deus. Muitas vezes isso não acontece. Tudo bem! Em última análise, não oramos a fim de obter bons sentimentos ou respostas, mas para honrar a Deus por quem ele é.

Existem dois tipos de leitura da Bíblia que eu procuro fazer. Leio o livro de Salmos por completo todos os meses usando a seção do Ofício Diário do Livro de Oração Comum e Também leio a Bíblia inteira usando o calendário de leitura bíblica de Murray M’Cheyne. Escolhi a versão light: leitura de dois capítulos por dia que nos leva a ler todo o Antigo Testamento em dois anos e o todo o Novo Testamento a cada ano. Eu faço a leitura de M’Cheyne e de alguns dos salmos na parte da manhã e os demais salmos eu leio durante a noite. Para concluir minhas devoções matinais, eu escolho uma ou duas coisas dos Salmos e dos capítulos de M’Cheyne para meditar a respeito.

Além da oração matinal (M’Cheyne, Salmos, meditação e petição) e oração noturna (Salmos e arrependimento) eu tento o mais frequentemente possível tirar cinco minutos no meio do dia para fazer um inventário espiritual, seja para lembrar as ideias mais espiritualmente efervescentes da minha devoção matinal ou para olhar rapidamente para os meus pecados mais insistentes e para meus possíveis ídolos. Eu faço isso para ver se até aquele momento do dia, eu já me comportei mal, seja de maneira orgulhosa ou fria, com dureza de coração, ansiedade ou crueldade. Se eu me vejo me desviando, a oração do meio-dia é capaz de me trazer de volta. O problema com a oração do meio-dia é encontrar um tempo para isso, uma vez que cada dia é diferente. Tudo que eu preciso é ficar a sós por alguns minutos, mas isso muitas vezes é impossível. Ainda mais frequente é me esquecer. No entanto, eu carrego um pequeno guia para a oração do meio-dia na minha carteira que eu sempre posso pegar e usar.

A última forma de oração que eu faço diariamente é a oração com minha esposa, Kathy. Cerca de nove anos atrás, Kathy e eu nos deparamos com o fato de havermos falhado em orar juntos ao longo dos anos. Então Kathy me exortou assim: “E se o nosso médico nos dissesse que tínhamos um problema cardíaco grave que no passado fosse sempre fatal, mas que agora havia uma pílula que se tomássemos todas as noites nos manteria vivos por anos e anos. Entretanto uma só noite esquecida seria suficiente para nos levar à morte? Se o nosso médico nos dissesse isso e se acreditássemos nele, nós nunca esqueceríamos. Nós nunca diríamos: ‘ah, eu não consegui’. Nós faríamos isso, não é? Bem, se não oramos juntos todas as noites, nós vamos morrer espiritualmente.” Eu me dei conta de que ela estava certa. Por alguma razão, a ficha caiu para nós dois, e desde então não lembramos de uma só noite em que tenhamos deixado de orar. Mesmo se estivermos longe um do outro, há sempre um telefone. Oramos muito, muito simplesmente: apenas alguns minutos. Oramos por tudo o que nos preocupa mais como um casal, alguém ou alguma coisa em nossos corações naquele dia. E oramos pelas necessidades da nossa família. É isso, simples, mas muito, muito bom.

É muito difícil manter este regime, especialmente quando estou viajando. De vez em quando eu me forço por um período de 40 dias nos quais eu me empenho para cumprir cada um dos meus planejados momentos de oração todos os dias. Isso cria hábitos mentais e no coração que permanecem comigo de forma que, mesmo quando o tempo está apertado, eu me encontro capaz de continuar disciplinado de alguma forma, e não me encontro esfriando espiritualmente.

Robert Murray M’Cheyne ficou conhecido por ter dito a ministros: “o que suas ovelhas mais precisam em você é a sua santidade pessoal”.

Nota do Editor: Este é post foi retirado do blog de Tim Keller no site Redeemer City to City. Usado sob permissão.

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