No início do meu ministério pastoral, atuei como capelão de polícia no departamento de Sandy, Utah. Não durei muito tempo lá.
O chefe da capelania era mórmon, e queria que todos os capelães se reunissem regularmente para orar. Quando expliquei a ele que eu não poderia fazer isso porque não acreditávamos no mesmo Deus, ele ficou chocado. Ele não entendia que usar os mesmos termos (Deus Pai, Deus Filho, Jesus Cristo, Espírito Santo) não significava que nós falávamos da mesma coisa.
Tive, então, a oportunidade de explicar por que o Deus da Bíblia não é o Deus da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (SUD) e de esclarecer que nós absolutamente não confiávamos nem orávamos ou adorávamos ao mesmo Deus.
Então, o que é que os mórmons creem sobre Deus? Eis dois pilares da doutrina mórmon: (1) Deus Pai é um homem exaltado e (2) cada pessoa da Divindade é um deus distinto e separado.
“Como o Homem é Hoje, Deus Já Foi”
Os Mórmons creem que Deus Pai foi um homem um dia. Em um sermão de 1844 conhecido como Discurso King Follett, Joseph Smith, o fundador do mormonismo, disse que “o próprio Deus já foi um dia como nós somos agora, e é um homem exaltado que se assenta no trono nos altos céus!”. E continua dizendo que Deus “foi, um dia, um homem como nós; sim, o próprio Deus, o Pai de todos nós, habitou na Terra”.
Ainda hoje, em seu estado exaltado, segundo Smith, Deus teria um corpo como nós: “Se fosse possível vê-lo hoje, veríamos que ele tem a forma de um homem, como nós mesmos, em pessoa, imagem e forma.”. O cânone bíblico mórmon confirma os ensinos de Smith: “O Pai tem um corpo de carne e ossos tão tangível como o do homem.”. (Doutrina e Convênios 130:22).
Se Deus Pai já foi um homem, de onde ele veio? Segundo as autoridades da Igreja SUD, ele veio de seu pai. Orson Pratt, um dos primeiros apóstolos mórmons, escreveu:
Fomos gerados por nosso Pai Celestial. A pessoa do nosso Pai Celestial foi gerada por seu Pai em um mundo celestial anterior, que, por sua vez, foi gerado por um Pai ainda mais antigo, e assim por diante, de geração a geração, de um mundo celestial a outro ainda mais antigo.
Os Mórmons creem que há diversos mundos com vários deuses. Tais deuses têm filhos que povoam seus mundos e podem dar continuidade à deificação.
O caminho para a exaltação divina é o objetivo de todo mórmon. Lorenzo Snow, o quinto presidente da Igreja SUD, resumiu as doutrinas mórmons sobre Deus e deificação em uma das falas mais famosas de um líder mórmon: “Como o homem é hoje, Deus já foi. Como Deus é, o homem poderá ser.”.
O mormonismo ensina que homens mórmons valiosos podem seguir pelo mesmo caminho do Pai Celestial (“a lei do progresso eterno”). Eles podem evoluir da pré-existência, passar para a existência humana mortal, e chegar até a exaltação divina. As mulheres também podem alcançar a glória celestial, tornando-se como a Mãe Celestial, a esposa de Deus Pai, embora a Igreja SUD admita seu limitado conhecimento sobre a Mãe Celestial.
Em suma, o Deus da Igreja SUD (Pai Celestial) é um homem exaltado que, um dia, viveu em um planeta como o nosso. Ele alcançou a exaltação celestial, tem um corpo físico em seu reino celestial, tem uma Mãe Celestial como sua eterna esposa, e seus filhos povoam nosso planeta.
A Divindade: Três Deuses Unidos pelo Mesmo Propósito
Isso basta para estabelecer o mormonismo como uma religião politeísta. Mesmo assim, muitos mórmons rejeitam esse título, alegando que, embora reconheçam a existência de outros deuses, adoram somente ao Deus do nosso mundo. Esse Deus, segundo o mormonismo, é parte de uma divindade composta por três seres distintos e separados: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
Bruce R. McConkie, um apóstolo mórmon da década de 1970 e início dos anos 80, explicou: “Três personagens separados, Pai, Filho e Espírito Santo, compõem a Divindade. Sendo cada um deles um Deus, é evidente, sob esse ponto de vista isolado, que há uma pluralidade de Deuses.”. Joseph Smith também afirmou que o trinitarianismo cristão é uma “doutrina popular, mas equivocada”, referindo-se, em contraposição, à Divindade como “três personagens distintos e três Deuses”.
O site oficial da Igreja SUD contém um artigo intitulado “Tornar-se como Deus”, que afirma: “Os santos dos últimos dias também acreditam firmemente na unidade fundamental do divino. Eles acreditam que Deus, o Pai, Jesus Cristo, o Filho, e o Espírito Santo, seres embora distintos, são unidos em propósito e doutrina.” (ênfase do autor).
O mormonismo alega adorar a um único Deus, mas refere-se a um deus com um único propósito, e não um único ser.
“Eu Sou o Senhor, e Não Há Outro”
O capelão mórmon do departamento de polícia não foi capaz de reconhecer que a doutrina bíblica sobre Deus e a doutrina mórmon sobre Deus são mutuamente excludentes. Ambas não podem ser verdadeiras. Como o Deus Criador declara explicitamente através do profeta Isaías, “antes de mim deus nenhum se formou, e depois de mim nenhum haverá” (Is 43.10). Do mesmo modo, em Isaías 45.5, Deus afirma: “Eu sou o Senhor, e não há outro; além de mim não há Deus.”.
A Confissão de Fé de Westminster (1646) resume o ensino bíblico sobre Deus, apresentando um contraste gritante com a teologia mórmon:
Há um só Deus vivo e verdadeiro, o qual é infinito em seu ser e perfeições. Ele é um espírito puríssimo, invisível, sem corpo, membros ou paixões; é imutável, imenso, eterno, incompreensível, – onipotente, onisciente, santíssimo, completamente livre e absoluto, fazendo tudo para a sua própria glória e segundo o conselho da sua própria vontade, que é reta e imutável. É cheio de amor, é gracioso, misericordioso, longânimo, muito bondoso e verdadeiro remunerador dos que o buscam e, contudo, justíssimo e terrível em seus juízos, pois odeia todo o pecado; de modo algum terá por inocente o culpado. (CFW 2.1)
Há séculos, os cristãos confessam corretamente que o único Deus vivo e verdadeiro é trino, um Deus que existe em três pessoas coeternas e coiguais: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Cada pessoa da Trindade é inteiramente Deus. Elas são idênticas em essência e iguais em poder e glória.
Somente esse Deus trino, revelado nas páginas da sua Palavra, é digno de adoração. Apenas esse Deus pode nos salvar dos nossos pecados. E só esse Deus pode ouvir nossas orações.
Traduzido por Renata Jarillo de Restrepo