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Nestes últimos dias a produção escrita e estrelada por Danilo Gentili, “Como Se Tornar o Pior Aluno da Escola”, lançada nos cinemas em 2017 e que chegou à Netflix no início de fevereiro deste ano, foi motivo de grande debate. O filme tem sido acusado de normalizar a pedofilia expressamente em uma cena em que Fabio Porchat usa de falas e gestos impróprios com dois adolescentes. Detalhe, a classificação indicativa do filme é de 14 anos.

Além de podermos pensar nessa questão no campo jurídico, uma vez que isto constitui crime segundo o Estatuto da Criança e Adolescente (Lei 8.069/90, artigos 240, 241), e do campo moral (ainda que fosse legal precisaríamos questionar o que é moralmente aceitável), como cristãos podemos também pensar no ataque espiritual recorrente à família.

É no mínimo elucidante o fato de a Bíblia por vezes mencionar Satanás em textos onde a família está mencionada. Isso sugere que um dos campos preferidos de atuação do diabo é essa instituição sagrada – a família.

A primeira menção da atuação do diabo está em Gênesis 3. Para nossa surpresa ele está em um ambiente familiar, um lar chamado Éden. Deus tinha definido um padrão de companheirismo, aliança e diferentes funções ao primeiro casal. O homem era o principal responsável pelo cuidado do lar (Gn 2.15). Curiosamente a serpente inverte a ordem funcional pré-definida, tentando diretamente mulher e fazendo-os duvidar da Palavra divina. O resultado nós já sabemos – a queda.

Uma segunda menção de Satanás em um ambiente familiar é em 1Co 7. Neste capítulo o apóstolo Paulo trata diretamente da intimidade sexual do casal nos primeiros seis versos. Mas mais uma vez Satanás é citado neste contexto: “Não se privem um ao outro, a não ser talvez por mútuo consentimento, por algum tempo, para se dedicarem à oração. Depois, retomem a vida conjugal, para que Satanás não tente vocês por não terem domínio próprio”. (1Co 7.5). Satanás tentou destruir a primeira família no Éden e continuou tentando o mesmo na cidade de Corinto.

A terceira menção está em Ef 6.10-20. Esta é a principal passagem de batalha espiritual que temos na Bíblia. Paulo diz claramente que precisamos vestir “toda a armadura de Deus, para poderem ficar firmes contra as ciladas do diabo.” (Ef 6.11). O problema é que muitos leem essa passagem desconectada do seu contexto imediato – família. A partir do capítulo 5, verso 21, Paulo trata do casamento, criação de filhos e tratamento entre senhores e servos (que também envolvia o contexto do lar). Ou seja, mais uma vez Paulo apresenta as “ciladas do diabo” em um ambiente familiar.

Esses textos evidenciam de como Satanás está muito interessado em desmoralizar a família desde o princípio. Temos que ter a mesma atitude de Paulo: “não ignoramos quais são as intenções dele.” (2Co 2.11).

Por que Satanás está tão interessado na família? A resposta é simples: pelo que ela representa! Deus incluiu imagens e analogias na sua própria criação para nos ensinar realidades superiores – eis uma das razões da família existir. Logo, sabemos esse senso de pertencimento familiar que todos temos, serve como ilustração da verdadeira família da fé (Ef 2.9). Paternidade existe porque Deus é “Pai, de quem toda família, nos céus e na terra, recebe o nome” (Ef 3.14-15). Casamento existe para apontar o tipo de união existente entre Cristo e sua Igreja (Ef 5.32). Criação de filhos e maternidade é um reflexo da Cidade Santa, “nossa mãe”, à qual nós pertencemos em Cristo (Gl 4.26).

A família aponta para além de si mesma, ela projeta a imagem do evangelho. A sua destruição é a grande agenda do inimigo.

Qual a arma de Satanás no ataque à família? Um fruto (Gn 3.1). Satanás tentou Adão e Eva com simplesmente um fruto. Mas lembre-se, o fruto era algo extremamente importante para eles naquele contexto do jardim. Logo, o fruto é tudo aquilo que é “agradável aos olhos e desejável para o entendimento” em uma cultura (Gn 3.6). Em um jardim, uma maça ou uma jabuticaba seriam altamente tentadores, assim como a propaganda, entretenimento, música, a ciência, a arte (e por que não o Netflix?) em nossos dias.

Frutos não são ruins em sua essência, fazem parte da boa criação de Deus. Mas eles podem ser extremamente tóxicos dependendo de quem os oferece e a finalidade desejada.

Usar a arte e o entretenimento para desmoralizar a sexualidade, principalmente entre nossas crianças, é algo totalmente diabólico.

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