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Meu amigo, West, deixou uma pergunta em outra postagem. Ele estava perguntando sobre os comentários que fiz no sentido de que não é a responsabilidade de um líder de louvor levar as pessoas à presença de Deus. Só Jesus pode fazer isto. West escreveu:

Hebreus 9 a Hebreus 10:1-22 nos chamam a entrar no Santo dos Santos com confiança. John Frame diz: “O Santo dos Santos foi aberto para nós na morte de Cristo, no momento em que o véu do templo se partiu ao meio.” (In Spirit and Truth, p.52). Se Deus é entronizado e permanece nos louvores de seu povo, e se ele está presente onde dois ou três estão reunidos em seu nome, então parece que há uma experiência efetiva e espiritual de “entrar” no Santo dos Santos, quando nós nos reunimos e louvamos a Deus.  Dito isto, parece que nós, como líderes em adoração corporativa, temos uma espécie de dever sacerdotal de trazer o povo de Deus a sua presença, seu Santíssimo Lugar, como os músicos israelitas antigamente. Eu não sei.  Estou muito enganado nisto?

Eu não acho que alguém está “muito enganado” quando faz uma pergunta como esta. Parte da razão de haver tanta confusão sobre a adoração e a presença de Deus é que nós muitas vezes experimentamos uma nova consciência da presença de Deus quando cantamos louvores. Numerosas vezes sentimos como se tivéssemos “entrado na presença de Deus”. O que está acontecendo?

Em primeiro lugar, no Antigo Testamento, o sumo sacerdote entrava no Santo dos Santos, uma vez por ano em nome de Israel (Hb 9:6-7). Jesus já “entrou, uma vez por todas, no Santo dos Santos”. Não deveríamos pensar em nós mesmos “entrando” lá novamente, porque Jesus entrou lá por nós. Hebreus nos exorta a nos aproximarmos de Deus com plena certeza, porque nós já entramos no Santo dos Santos por meio da nossa união com Cristo. Em Cristo, estamos sempre nos lugares celestiais e somos exortados a “nos aproximar”. Claro, nós podemos fazer isto a qualquer momento, embora haja um significado particular quando nos reunimos como a igreja para expressar nossa fé no Evangelho.

Em segundo lugar, a questão é como nós entramos na presença de Deus. O escritor de Hebreus encoraja seus leitores a colocar a fé deles na obra consumada de Cristo, não a tentar duplicá-la. David Peterson, em Engaging with God, diz: “Fundamentalmente, então, aproximar-se de Deus significa crer no evangelho e receber ‘apropriação pessoal de salvação’.” (240). Em certo sentido, temos o “dever sacerdotal” de lembrar as pessoas do que Deus disse e fez (Ne 8:8). Mas nós não estamos levando pessoas para o Santo dos Santos. Jesus fez isto por nós. Por meio da fé em seu trabalho consumado agora temos o privilégio de confiantemente nos aproximarmos de Deus.

D. A. Carson compartilha alguns pensamentos muito úteis referentes a este tópico. Ele está comentando sobre o pensamento de que “adoração nos leva à presença de Deus”.

“Objetivamente, o que nos traz à presença de Deus são a morte e a ressurreição do Senhor Jesus. Se nós atribuímos ao culto (que significa, neste contexto, o nosso louvor e a nossa adoração corporativos) algo deste poder, não vai demorar muito para que nós consideremos tal adoração como sendo meritória, eficaz ou algo semelhante. O pequeno canto de verdade que tais expressões escondem (embora esta verdade esteja mal formulada) é que quando estamos juntos e engajamo-nos nas atividades de adoração corporativa (incluindo não só oração e louvor, mas a Ceia do Senhor e a audição atenta da Palavra…), nós encorajamos uns aos outros, nós edificamos uns aos outros, e, por isso, muitas vezes nos sentimos estimulados e edificados. Como resultado, somos renovados em nossa consciência do amor de Deus e da verdade de Deus, e somos incentivados a responder com adoração e ação.” (Worship by the Book, 50-51).

Então, quando eu estou em pé na frente da igreja, liderando-os em canções, leitura da Bíblia e oração, meu objetivo não é “levá-los à presença de Deus”, mas ajudá-los a lembrar e celebrar o que Cristo realizou para eles por meio de sua vida justa, sua morte expiatória e sua gloriosa ressurreição. Visto que que eles depositam sua fé e confiança no sumo sacerdote perfeito, eles provavelmente experimentarão uma nova consciência da proximidade de Deus. A posição deles em Cristo não mudou. A apreciação dela mudou. A igreja será edificada e Deus será glorificado.

Entender esta área realmente traz liberdade para mim como um líder de adoração. Eu não tenho de tentar fazer uma tarefa impossível. Eu não tenho de estar ansioso sobre se as pessoas serão bem-sucedidas ou não nisto. Eu simplesmente tenho de apresentar o que Cristo fez de uma forma clara e convincente para encorajar a fé das pessoas. O Espírito Santo toma conta do resto.

Este post foi publicado originalmente em worshipmatters.com.

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