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Como Igrejas em Implantação Podem Assegurar a Prestação de Contas Saudável

Notícias recentes e devastadoras sobre abusos têm demonstrado que a perversidade pode se infiltrar em qualquer movimento, seja na mais desenvolvida hierarquia ou em movimentos caracterizados pela autonomia. Não há uma solução simples e infalível. Ter um sistema de organização rigoroso por si só não é proteção contra o mal e o pecado. Com muita frequência, aqueles que cometeram abusos se mudam para novas igrejas e ministérios, com poucas consequências pessoais.

Algumas igrejas novas pertencem a denominações com claras estruturas de prestação de contas para igrejas, pastores e outros líderes, enquanto igrejas novas livres ou de tradição batista, que valorizam a autonomia da igreja local, devem agir ponderadamente e serem intencionais em montarem estruturas claras de prestação de contas desde os primeiros dias.

Estabelecer sistemas de prestação de contas preparará as igrejas para protegerem suas congregações e a buscarem a justiça caso ocorra abuso.

Políticas e Procedimentos Claros

Desde os primeiros dias de implantação de uma igreja, políticas e procedimentos para prestação de contas e disciplina da igreja devem ser especificamente incluídos — com clareza e rigor — nos estatutos e políticas de uma igreja. Na minha experiência, igrejas existentes estão frequentemente abertas a compartilharem suas políticas com igrejas em implantação. Não há necessidade de reinventar a roda nesses assuntos, especialmente para uma igreja em implantação com um relacionamento direto com uma igreja mãe.

Tais políticas e procedimentos devem incluir, mas não se limitar aos seguintes pontos:

  • Certificar-se de que não há antecedentes criminais para qualquer obreiro ou líder de ministério. Isto é essencial para qualquer voluntário que queira servir no ministério infantil — para qualquer pessoa que participe de creches ou berçários da igreja em qualquer nível.
  • Desenvolver e aplicar uma política de segurança infantil para adultos que servem no ministério infantil e creches ou berçários. Este é o tipo de política que afirma que é necessário que dois adultos estejam presentes com menores em todos os momentos, etc.
  • Treinar voluntários do ministério infantil para reconhecer sinais de abuso e providenciar canais claros para denunciar abusos.
  • Conhecer os requisitos de denúncia obrigatórios do governo. Estes são um mínimo básico para denúncias. Caso tenha qualquer dúvida, denuncie às autoridades e informe a vítima de que pretende fazê-lo.
  • Exija denúncia obrigatória sobre qualquer abuso infantil. Tenha também uma política clara sobre como lidar com vítimas adultas de violência doméstica ou abuso sexual. Esteja preparado para entrar em contato com as autoridades e ajudar as vítimas por meio do difícil processo de informar à polícia e considerar a possibilidade de apresentar queixa.
  • Tenha uma política clara sobre como a igreja lidará com criminosos sexuais cadastrados.
  • Nunca garanta a confidencialidade. Em nossa política de disciplina, é explícito que apelos serão feitos às autoridades quando necessário (Rm 13.1-7).
  • Desenvolva relacionamentos com conselheiros e terapeutas locais a fim de poder referir pessoas e um meio para obter conselhos especializados.

Mesmo com as melhores políticas e procedimentos em vigor, é essencial que as acusações de abuso sejam tratadas com seriedade e sobriedade.

Pluralidade de Presbíteros

Nas igrejas autônomas, a importância de ter uma pluralidade de presbíteros e de ter critérios para vinculação de membros com consequência, é ainda maior. Uma verdadeira pluralidade de presbíteros é uma forma bíblica e necessária de responsabilização no mais alto nível de liderança da igreja.

Desde o início, o foco em cultivar uma cultura mais ampla de presbíteros e diáconos — e outros líderes ministeriais, incluindo ambos homens e mulheres — ajudará a promover maior abertura e responsabilização em toda a igreja.

Para as igrejas em implantação em estágios iniciais que ainda não tenham uma pluralidade de presbíteros ou membros formais, é útil ter um relacionamento direto com uma igreja mãe que determine a prestação de contas e apoio ao plantador. Mesmo com ênfase na autonomia, vemos a importância da interconectividade na igreja primitiva e no trabalho de implantação de igrejas (Atos 13 e 15).

Com ou sem essa ligação, é crucial que uma nova igreja saiba a quem os apelos podem ser feitos se pecados claros ou abuso forem expostos.

Critérios de Vinculação de Membros

Cada membro da igreja é um membro do corpo de Cristo, portanto seu pecado e dor afetam o resto do corpo (1Co 12.22-26). Até os pastores são, antes de mais nada, membros da igreja e, portanto, sujeitos à disciplina e políticas da igreja.

Uma igreja nova deve cuidadosamente implementar padrões claros e documentados de membresia, em quais decisões os membros terão voz ativa, como os líderes prestarão contas e quais mecanismos (por exemplo, reuniões regulares dos membros) serão usados para relatar os assuntos da igreja. Além disso, todas as políticas de segurança infantil devem ser compartilhadas com toda a congregação, para comunicar tanto aos pais, quanto aos não pais, que isso é algo que a igreja leva a sério.

Haverá momentos em que as questões do pecado individual não arrependido e da disciplina da igreja deverão ser levadas a todos os membros da igreja. Mas esses momentos de tristeza e luto conjuntamente oferecem oportunidades para arrependimento coletivo e de lembrança do evangelho. Ter caminhos claros para a disciplina e denúncias também ajudarão a proteger a igreja do pecado contínuo.

Protegendo o Rebanho

O chamado para pastores e presbíteros é claro: “Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue” (At 20.28).

A igreja foi comprada por um elevado preço. Portanto, quando qualquer pecado — especialmente o pecado terrível de abuso sexual — é cometido, necessitamos levar isto a sério. Deus responsabilizará os líderes pelas almas confiadas aos seus cuidados (Hb 13.17).

O fato de uma igreja estar em fase de implantação não é desculpa para deixar as ovelhas de Deus desprotegidas daqueles que lhes farão mal. Plantador de igrejas, o ministério pastoral requer coragem para confrontar o pecado e proteger o povo de Deus. Devemos levar esta responsabilidade a sério, especialmente nos casos mais graves. A glória do nome de Deus e o bem da noiva de Cristo são importantes demais para fazer qualquer outra coisa.

Traduzido por Raul Flores.

 

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