A cerimônia de abertura das Olimpíadas de 2024, realizada fora de um estádio olímpico pela primeira vez na história, foi encenada ao longo do belo Rio Sena e entre as marcantes arquiteturas de Paris. Intercalando espetáculos de rua com cenas gravadas, o evento televisivo se destacou não só pela emoção, mas também por um ritual repleto de simbolismos e provocações à fé cristã. O tema central foi a diversidade, incluindo muitas referências ao feminismo, à homossexualidade e a relacionamentos alternativos, promovendo claramente os valores do movimento “woke”.
Em uma cena específica, três pessoas entraram em um quarto, insinuando o início de um ato sexual. Na ponte, um desfile de drag queens ocorria, e um transgênero se destacava entre as coreografias. Contudo, o momento que mais chocou os telespectadores foi a representação profana e sacrílega de “A Última Ceia” de Leonardo da Vinci. Os personagens adotavam posturas sensuais no lugar dos apóstolos, e uma mulher em vestimentas vulgares assumia o centro, posição que pertenceria a Jesus Cristo.
As virtudes esportivas ou da humanidade não foram exaltadas, nem houve ênfase na cultura francesa. As referências históricas foram distorcidas e ideologizadas. O que deveria ser um programa familiar transformou-se em um espetáculo de sensualidade e doutrinação, levando os pais responsáveis a retirarem seus filhos da sala. O acendimento da pira olímpica, que deveria ser o ponto alto, foi ofuscado por atos provocativos. Tanta criatividade humana, que deveria exaltar o Criador, foi desperdiçada em imoralidade e degradação. A cerimônia, esperada para celebrar a humanidade e os esportes de forma bela e inspiradora, tornou-se uma ode ao secularismo e ao paganismo, marcada pela antiestética e pelo escárnio dos valores judaico-cristãos.
Bispos católicos franceses declararam que a cerimônia “incluiu cenas de escárnio e zombaria ao cristianismo, que deploramos profundamente”. Diante de pedidos de explicação, o porta-voz do comitê olímpico admitiu que “ultrapassamos a linha”. Contudo, não deveríamos nos surpreender com tal escárnio, típico desta era pós-cristã. A zombaria contra Cristo e seus seguidores é uma constante desde os primeiros séculos da Igreja. Jesus nos alertou em João 15.19: “Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como, todavia, não sois do mundo, pelo contrário, dele vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia”.
Os discursos e manifestações artísticas anticristãs frequentemente vêm disfarçados de defesa de minorias e identitarismo. Mas é evidente a zombaria intencional contra os valores judaico-cristãos que contrariam essas práticas, justificadas por ideologias, políticas e filosofias humanas. Além das questões políticas e ideológicas, há uma realidade espiritual e escatológica profunda, conforme alertado pelo apóstolo Paulo em sua segunda epístola a Timóteo (1.1-4) dizendo: “Nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis, pois os homens serão egoístas, avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes, desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, enfatuados, mais amigos dos prazeres que amigos de Deus”.
Este evento, que deveria ser uma celebração familiar, foi transformado em imoralidade e zombaria à fé cristã e aos valores fundantes do Ocidente. Portanto, a Coalizão pelo Evangelho e demais subscritores desta nota manifestam seu lamento e repúdio à apresentação sacrílega da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris de 2024.
Repudiamos a distorção dos valores cristãos e a transformação de uma celebração em palco de provocação.
Repudiamos a manipulação da arte para fins de escárnio religioso e a perda de oportunidade de exaltar a beleza e a verdade.
Repudiamos o desrespeito à fé e aos seus símbolos, uma afronta não apenas aos cristãos, mas à dignidade humana.
Repudiamos a exaltação de uma subcultura de ânimo destrutivo que, para afirmar seus valores, precisa usurpar e arremedar a fé cristã. Este ato não apenas desrespeita as crenças de muitos, mas também mina o próprio conceito de diversidade e respeito mútuo que pretende promover.
Repudiamos a falta de criatividade e a arte barata e parasitária, que se estabelece apenas pela negação e destruição do sagrado. A verdadeira arte eleva e inspira, em vez de degradar e desrespeitar as tradições e os valores espirituais de uma comunidade.
Repudiamos a contradição inerente ao movimento ‘woke’, que clama por tolerância, respeito e inclusão, enquanto pratica o desrespeito e a exclusão de visões de mundo que não alinham com suas próprias ideologias. Esta hipocrisia mina a legitimidade de suas reivindicações de justiça e igualdade.
Como Igreja de Cristo, chamamos todo povo cristão a exercer sobriedade e discernimento, aproveitando cada oportunidade para “remir o tempo, porque os dias são maus” (Efésios 5.16) e intensificando a propagação do Evangelho, enquanto oramos e clamamos: “Maranata, vem Senhor Jesus!”
Conselho da Coalizão pelo Evangelho
Augustus Nicodemus Lopes é pastor auxiliar na Primeira Igreja Presbiteriana do Recife.
Cleyton Gadelha é pastor emérito da Igreja Batista de Parquelândia (Fortaleza/CE) e diretor executivo da Escola Teológica Charles Spurgeon.
Davi Charles é pastor da Igreja Presbiteriana Paulistana (São Paulo/SP).
Emílio Garofalo é pastor da Igreja Presbiteriana Semear (Brasília/DF).
Euder Faber é pastor da Igreja O Brasil para Cristo (Campina Grande/PB) e presidente da Visão Nacional para a Consciência Cristã.
Franklin Ferreira é co-fundador e reitor do Seminário Martin Bucer.
Heber Carlos de Campos Júnior, pastor da Igreja Presbiteriana do Parque das Nações (Santo André, SP), professor no Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper e do Seminário Teológico Presbiteriano Rev. José Manoel da Conceição (JMC).
Hélder Cardin é pastor na Primeira Igreja Batista de Araras (Araras-SP), chanceler das escolas teológicas Palavra da Vida Brasil e professor pesquisador no Seminário Bíblico Palavra da Vida e vice-presidente da Coalizão pelo Evangelho.
Jonas Madureira é pastor da Igreja Batista da Palavra (São Paulo/SP), professor no Seminário Martin Bucer.
Leonardo Sahium é pastor da Presbiteriana de Brasília (DF) e presidente da Junta de Educação Teológica da Igreja Presbiteriana do Brasil.
Luiz Sayão é pastor sênior da Igreja Batista Nações Unidas (São Paulo/SP) e diretor da Faculdade Teológica Batista de São Paulo.
Mauro Meister é pastor da Igreja Presbiteriana – Barra Funda (São Paulo/SP).
Renato Vargens é pastor da Igreja Cristã da Aliança (Niterói/RJ), escritor e conferencista.
Sillas Campos é pastor da Igreja Batista Central de Campinas (Campinas/SP) e presidente do Ministério Fiel.
Solano Portela é presbítero da Igreja Presbiteriana do Brasil, servindo na Igreja Presbiteriana de Santo Amaro (São Paulo/ SP), e docente no Centro Presbiteriano de Pós Graduação Andrew Jumper.
Tiago J. Santos Filho é um dos pastores da Igreja Batista da Graça (São José dos Campos/SP), co-fundador e diretor no Seminário Martin Bucer, diretor executivo da Editora Fiele presidente do Conselho da Coalizão pelo Evangelho.
Wilson Porte Jr. é pastor da Igreja Batista Liberdade (Araraquara/SP) e professor e presidente do conselho administrativo do Seminário Martin Bucer.
Pastores associados e demais signatários:
Pastores associados à Coalizão pelo Evangelho:
Alan Rennê Alexandrino Lima, pastor da Igreja Presbiteriana do Cruzeiro do Anil, São Luís, MA
Allen Porto, pastor da Primeira Igreja Presbiteriana de Barretos, SP
Fábio Luciano Soares e Santos, pastor da Igreja Batista Betel de Mesquita, Mesquita, RJ.
Fernando Angelim, pastor da Igreja Batista Reformada de Belém, Belém, PA.
Filipe Costa Fontes, pastor na Igreja Presbiteriana de Santo Amaro e professor do CPAJ da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Maurício Fonseca dos Santos Jr. presbítero na Igreja Presbiteriana Paulistana, São Paulo, SP.
Mauricio Silva de Andrade, pastor da Primeira Igreja Batista Bíblica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ.
Paulo Cesar Valle, pastor da Igreja Batista do Redentor, Volta Redonda, RJ.
Demais pastores signatários ligados à Fraternidade de Pastores Batistas Reformados:
Abner Mauro Coelho Fortes, pastor da Igreja Batista Nova Cidade, Interlagos, SP.
Adler Viana Silva, pastor da Igreja Batista Regular Curió em Fortaleza, CE.
Afrânio de Oliveira Neves, pastor da Igreja Batista Reformada de Brasília, DF.
Alysson Diniz Rodrigues, pastor da Primeira Igreja Batista em Três Pontas, MG.
Anderson Alcides, pastor da Primeira Igreja Batista em Brotas de Macaúbas, BA.
Anderson Dias Carneiro, pastor da Igreja Batista Reformada em João Monlevade, MG.
Áquila Serra Cabral, pastor da Primeira Igreja Batista de Muriaé, MG.
Davi Marcos Soares Ferreira, pastor da Igreja Batista Reformada, Campos dos Goytacazes, RJ.
Daniel Lewis Deeds, pastor da Igreja Batista Histórica em Conselheiro Lafaiete, MG.
Daniel Matos Brito, pastor da Igreja Batista Reformada em Colina de Laranjeiras, Serra, ES.
Davidson Eler da Cruz, pastor da Igreja Batista no Bom Destino, Santa Luzia, MG.
Diego Francisco Santos, pastor da Primeira Igreja Batista em Canela, RS.
Deyvid Rodrigues, pastor da Primeira Igreja Batista Parque Aeroporto, Macaé, RJ.
Evandro Baptista Buzzo, pastor da Igreja Batista Jardim Progresso, Bebedouro, SP.
Evandro Carvalho dos Santos Junior, pastor da Terceira Igreja Baptista do Porto, Portugal; Igreja Baptista Reformada de Braga, Portugal.
Fábio Leal, pastor da Igreja Reformada Missional Cidade Cinco, São Paulo, SP.
Fabiano Prado Lima, Bible Teacher na Victory Christian School, Sacramento, CA, EUA.
Filipe Ribeiro, pastor da Igreja Batista Redenção, Natal, RN.
Gleydson Alves Marinho, pastor da Primeira Igreja Batista em Canela, RS.
Guilherme Reggiani, pastor da Igreja Batista Reformada de São Bernardo do Campo, SP.
Helenon Augusto Carvalho Campos, pastor da Igreja Batista Central em Lins, SP.
Jaison Oliveira, pastor da Primeira Igreja Batista em Codó, MA.
Jean Carlos Sardinha da Silva, pastor da Segunda Igreja Batista Reformada de Campos, RJ.
João Paulo Brasileiro, pastor da Primeira Igreja Batista Reformada em Paulista, PE.
Luís Fernando Lourenço de Moura Junior, pastor da Igreja Batista Nova Aliança, Bauru, SP.
Luiz Correia do Nascimento Jr., pastor da Igreja Batista Filadélfia, Fortaleza, CE.
Luan de Almeida da Silva, pastor da Igreja Batista Ebenézer, Ilhéus, BA.
Madson Gonçalves da Silva, pastor da Igreja Batista em Paul, Vila Velha, ES.
Nelson Ávila Mesquita Neto, pastor da Igreja Batista de Itaitinga, CE.
Nino Marques de Sá, pastor da Knox Baptist Church, Calgary, Alberta, Canada.
Norival Ferreira de Andrade, pastor da Primeira Igreja Batista de Monte Mor, SP.
Patrick Leonardi, pastor da Igreja Batista Reformada em Colina de Laranjeiras, Serra, ES.
Paulo Guedes Soares, pastor da Igreja Batista Bíblica em Valparaíso, Santo André, SP.
Rafael Fcachenco Filho, pastor da Igreja Batista Betel, Bauru, SP.
Ricardo Luiz Fiorotto, pastor da Igreja Batista do Redentor, Jundiaí, SP.
Roberto José Arias Quintero, pastor da Primeira Igreja Batista em Bicas, MG.
Sebastião Roberto Vaz Moreira, pastor da Igreja Batista Central, Cardoso Moreira, RJ.
Werveton Mury Campos, pastor da Igreja Batista em Água Fria, São Fidélis, RJ.
Willy Robert Henriques, pastor da Igreja Batista Redenção, Juiz de Fora, MG.
[Com a colaboração de Warton Hertz, membro fundador do Instituto Brasileiro de Direito e Religião, e que atualmente serve no Ajuda Barnabas, ministério de socorro à Igreja sofredora.]