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“Isso não é justo!”

Essa queixa comum é ouvida em muitos lares, especialmente quando irmãos comparam o que têm. Não importa se as barrigas estão cheias e se há muitos brinquedos—se um irmão receber uma fatia maior de torta, é uma afronta à justiça.

Antes mesmo de nossos filhos aprenderem a falar, eles já sabem como sentir inveja. Eles veem algo que outra pessoa tem e decidem que a vida deles seria melhor se tivessem aquele brinquedo, aquele doce, ou o lugar no colo da mãe. E, com o tempo, esses desejos internos emergem em comportamentos externos inadequados: queixas, brigas, apropriações e agressões.

Infelizmente, a inveja não é um problema exclusivo das crianças. Enquanto enfrentamos a inveja em nosso próprio coração, podemos auxiliar nossos filhos a enfrentá-la no coração deles.

Desejos Prejudiciais

Todos nós temos desejos. Ansiamos por coisas boas: comida, roupas, abrigo, amigos, ou um dia ensolarado para o nosso piquenique na igreja. Muitos dos nossos desejos são benéficos. Porém, quando nossos desejos se tornam cobiçosos, passamos a desejar algo bom de maneira errada ou desejamos algo especificamente proibido pela Palavra de Deus. Nossos desejos por coisas boas podem se tornar prejudiciais quando nos consomem de tal forma que nos falta contentamento e alegria na bondade de Deus, ou quando estamos dispostos a desobedecer a Deus para obter aquilo que desejamos desesperadamente.

Eva desejou de maneira errada o fruto que Deus a havia proibido de retirar da Árvore da Vida (Gn 3.6). Quando Acã cobiçou os despojos da batalha em Jericó, ele desobedeceu ao mandamento claro de Deus (Js 6.18–19). Em ambas as situações, os desejos gananciosos seguiram um padrão parecido—vercobiçartomar e esconder, como vemos na resposta de Acã a Josué:

Verdadeiramente, pequei contra o Senhor, Deus de Israel, e fiz assim e assim. Quando vi entre os despojos uma boa capa babilônica, e duzentos siclos de prata, e uma barra de ouro do peso de cinquenta siclos, cobicei-os e tomei-os; e eis que estão escondidos na terra, no meio da minha tenda, e a prata, por baixo. (7:20–21, ênfase acrescentada)

Desejos Ruins Produzem Frutos Ruins

Quando conversamos com nossos filhos sobre a inveja, é importante explicar que nossos desejos pecaminosos não permanecem apenas dentro do nosso coração. Eventualmente, desejos errôneos produzirão frutos ruins, e nos levarão a tomar o que é dos outros de formas prejudiciais. O apóstolo Tiago alerta, “cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai ​​e seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte” (Tg 1.14–15).

Olhar por cima do muro, desejando o que o outro tem, resultará em crianças (e adultos) sentindo-se menos felizes. Provérbios 14.30 nos ensina que “O ânimo sereno é a vida do corpo, mas a inveja é a podridão dos ossos”. Ao ensinar nossos filhos sobre a inveja e o padrão que ela costuma seguir, os ajudamos a reconhecê-la em suas próprias vidas e a aprender a lutar contra ela.Escolhendo o Contentamento

Não é possível resolver o dilema da inveja proporcionando aos nossos filhos tudo o que eles desejam. Obter tudo o que se quer não satisfaz os desejos insaciáveis de um coração invejoso. O descontentamento não é um problema que surge daquilo que nos falta; é o resultado de não valorizarmos o que temos. Como pais, ensinamos aos nossos filhos—através de nossas palavras e nosso exemplo—o poder de escolher ser grato em todas as circunstâncias.

Paulo nos lembra, “Em tudo, dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco” (1Ts 5.16–18). Paulo escolheu agradecer a Deus em meio a fraquezas, injúrias, necessidades, perseguições e angústias (2Co 12.10).

​​Quando praticamos a gratidão em nosso coração, ela se torna um hábito em nossos lares. Em última análise, corações gratos compreendem uma verdade fundamental: a vida não é justa, mas é injusta a nosso favor. Em Cristo, somos agraciados com todas as bênçãos espirituais, porque ele suportou toda a punição pelos nossos pecados. Graça não consiste em equidade; consiste na abundância da misericórdia e bondade de Deus sendo generosamente derramadas sobre nós, mesmo sem merecermos. Diante da misericórdia de Deus, vivemos vidas transformadas.

A inveja é uma usurpadora—roubando a felicidade de nossos filhos. À medida que os ensinamos sobre as bênçãos do contentamento, podemos orar enquanto família, “Desvia os [nossos] olhos, para que não vejam a vaidade, e vivifica-[nos] no teu caminho” (Sl 119.37). Deus é capaz de nos dar novos olhos que enxergam a sua bondade e um novo coração que descansa e se contenta em sua provisão.

Traduzido por Claudio Chagas

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