O curta-metragem “Most” chegou aos cinemas mais de 10 anos atrás. Essa porção brilhantemente comovente do cinema conta a história de um pai solteiro que vive com o seu filho na República Checa. Os dois compartilham uma vida simples, porém contente, juntos. O pai trabalha como maquinista de uma ponte — ele é responsável por subir e descer uma ponte ferroviária que permite que navios e trens passem em determinados horários. Certo dia, o menino estava com seu pai na ponte. Enquanto brincava do lado de fora, ele percebe um trem se aproximando rapidamente da estação.
O trem estava uma hora adiantado. A ponte ainda estava suspensa. E ele estava indo em direção a ela.
Ele grita em direção à janela da cabine do pai tentando chamá-lo, mas sem sucesso. O trem rapidamente ficaria sem trilhos e a ponte precisava ser baixada. Centenas de pessoas estavam a bordo. Então o menino decide baixar a ponte manualmente puxando uma alavanca perto dos trilhos. Em um momento de parar o coração, ele acidentalmente cai nas engrenagens que permitem a ponte operar.
Uma série de engrenagens e alavancas de metal pesado cercam o seu corpo por todos os lados. Um pequeno movimento chama a atenção do pai. Ele se vira e vê o filho cair na caixa de engrenagens, ficando indefeso lá dentro.
E aí ele percebe: se ele baixar a ponte, as engrenagens esmagarão o seu menino.
Deixado à terrível decisão de matar o seu menino, ele chora, grita, golpeia a parede. Com apenas alguns momentos para deliberar, ele relutantemente puxa a alavanca. Então ouve as engrenagens rodarem e solta um grito gutural. A câmera, então, se move e nos apresenta a imagem assombrosa do corpo sem vida do menino. Centenas no trem foram salvos, mas com um custo altíssimo para o pai. Ele matou o próprio filho.
Outra Saída
Agora imagine o mesmo cenário, mas com uma surpresa dessa vez. Suponha que o menino tivesse caído nas engrenagens e o trem seguia rápido em direção à ponte suspensa. Mas dessa vez, o pai tinha duas alavancas: uma para baixar a ponte e matar o próprio filho (como o cenário original) e outra para alterar a rota do trem para outro conjunto de trilhos que levava a uma segunda ponte paralela. Seria loucura para o pai escolher a primeira alavanca e matar o próprio filho tendo a segunda alavanca ao alcance. Por que ele mataria o próprio filho se sabe muito bem que a segunda alavanca é capaz de salvar tanto as vidas de todos os passageiros no trem quanto a vida do seu filho? Tal decisão seria absolutamente terrível. Só um monstro escolheria a primeira alavanca.
E, no entanto, é exatamente isso que pluralistas religiosos fazem Deus parecer.
“Todas as religiões são verdadeiras”.
“Todas as religiões levam a Deus”.
“Todas as estradas levam ao mesmo destino”.
Embora eu possa compreender o sentimento de inclusividade, tal ideia retrata um Deus mau. Pluralistas religiosos muitas vezes rejeitam posições exclusivistas por postular um Deus cruel que só criou um caminho para chegar a ele. Mas se todas as religiões são verdadeiras, então Deus é cruel. Não apenas cruel — Deus é um incompetente, um abusador de crianças cósmico. Se o pluralismo religioso é verdadeiro, então Deus é o pai do segundo cenário. Ele viu o trem chegando, e ainda assim decidiu puxar a primeira alavanca e matar o próprio filho ao invés de puxar a segunda alavanca.
Seria Deus Cruel ou Incompetente?
Se o islamismo, o budismo, o zoroastrismo e todas as outras religiões do mundo são caminhos verdadeiros para Deus, então por que Deus matou o próprio filho, Jesus, a fim de criar um caminho para que homens viessem a ele? A própria noção é absurda e insulta a Deus. Ela representa um retrato de um Deus que é simplesmente cruel. Ele enviou Jesus ao mundo para viver uma vida miserável de desprezo, rejeição, pobreza, traição, humilhação, tristeza e, em última análise, tortura e morte, a fim de criar um caminho por onde homens possam vir a conhecê-lo. No entanto, ele sabia o tempo todo que seguir os Cinco Pilares do Islã ou o Nobre Caminho Óctuplo seria o suficiente para alcançar a mesma coisa. Que desperdício! A vida de Jesus — o plano de Deus para a salvação — é completamente vã, pois o mesmo resultado poderia ser alcançado ao simplesmente aderir aos dogmas de qualquer religião do mundo. Deus não é só cruel, mas também incompetente por colocar em prática o pior plano de salvação possível.
Mas Deus não é cruel. Ele não é incompetente. Ele não mataria o próprio filho desnecessariamente. Ele não colocaria em prática um plano de salvação para a humanidade que fosse ridículo ou cruel. Assim, o pluralismo religioso não pode ser verdadeiro. Esse argumento não mostra que o cristianismo é verdadeiro, mas mostra que nem todas as religiões podem ser verdadeiras, pois se fossem, então Deus não seria um Deus de amor.