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Como Evitar uma Aposentadoria Maravilhosa: 4 Obstáculos para Terminar Bem

Aqueles que trabalham com o planejamento de aposentadorias chamam meu estágio de vida de “a zona vermelha”, os cinco anos antes e depois da aposentadoria. É fácil se deixar envolver pelas mensagens que a sociedade oferece, tal como: “É possível ter a aposentadoria você que merece” ou “aposente-se com a vida dos seus sonhos”. Cristãos mais velhos como eu podem ser lenta e sutilmente confundidos e influenciados por ideias mundanas sobre nossos últimos anos.

Como diácono servindo num ministério de mordomia e como conselheiro financeiro em minha igreja, testemunhei isto em outras pessoas em primeira mão. Discípulos que anteriormente eram frutíferos, lentamente se tornaram indiferentes, à medida que buscavam uma aposentadoria comum, confortável, mas em última instância falida.

Costumava acontecer que a aposentadoria era causada pela incapacidade de uma pessoa para o trabalho; ou eles eram fisicamente incapazes de trabalhar ou suas habilidades haviam se tornado obsoletas, fazendo que ninguém os quisesse contratar. No entanto, recentemente, houve uma mudança para uma aposentadoria precoce, mais ativa e saudável que maximiza a recreação, muitas vezes tornando a diversão e o relaxamento o objetivo final no fim da vida. A aposentadoria é vista como férias sem fim, e todos nós estamos tentando chegar lá o mais rápido possível.

Mas o que essas férias sem fim, nos nossos sessenta e setenta anos nos contam sobre Deus?

Insensatez na Aposentadoria

Você quer desfrutar de uma vida centrada em Deus, apreciando e glorificando a Deus após sua carreira? O livro “Rethinking Retirement” [Repensando a Aposentadoria] de John Piper me afetou profundamente e reformulou o modo como penso a respeito do último capítulo da minha vida.

Ao invés de abraçar o que ele chama de “a insensatez da aposentadoria”, ele nos exorta a terminar a vida para a glória de Cristo, resistindo a uma aposentadoria repleta do “vazio e inutilidade” das atividades egoístas. Ele escreveu que “em vez disso, sabendo que temos uma herança infinitamente satisfatória e eterna em Deus logo após o fim da vida, isto nos torna zelosos em nossos poucos anos restantes para nos dedicarmos aos sacrifícios do amor e não ao acúmulo de confortos. ”

“Eu provavelmente nunca vou me aposentar”, escreveu Piper. “Desejo fazer algo com minha vida que faça alguma diferença depois dos 50, 60, e 70 anos, seja como voluntário em uma cozinha ou orientando crianças ou qualquer outra coisa.”

Ele desafia nossa geração a rejeitar o moderno conceito de aposentadoria como férias sem fim, e ao invés disso, focar em servir a Deus e aos outros em amor (Gálatas 5.13), ao mesmo tempo continuamente encontrar nosso prazer no Senhor. Em vez de desperdiçar os dons que nos foram dados em prazeres egoístas, ele nos conclama a usá-los enquanto pudermos para glorificar a Deus. Tal como nos instruiu o apóstolo Pedro: “Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus.” (1 Pedro 4.10). Por fim, somos chamados a perseverar até o final e terminar a carreira que Deus nos deu para correr (Hebreus 12.1–2).

Quatro Desafios e Obstáculos

Para buscar uma aposentadoria que glorifique a Deus, necessitamos estar cientes das dificuldades e tentações que a meia idade e a velhice podem apresentar. Devemos fazer tudo o que pudermos para nos prepararmos e nos apropriarmos da graça de Deus para superar os obstáculos que surjam.

Se não tomarmos medidas deliberadas de prevenção, poderemos rapidamente acabar sucumbindo às tentações da aposentadoria. Em vez de sacrificialmente servir e dar nossas vidas pelo evangelho, poderíamos nos tornar como “aqueles que retrocedem para a perdição”, ao invés de “aqueles que são da fé, para a conservação da alma” (Hebreus 10.39).

1. Quando recursos financeiros começam a acabar

Devemos planejar sabiamente a época em que deixaremos de trabalhar por salário, tal como a formiga, que “no estio, prepara o seu pão, na sega, ajunta o seu mantimento.” (Provérbios 6.8). O principal objetivo de nossa poupança não é garantir nosso conforto e prazer individual. É de nos posicionar para servir a Deus e aos outros. Mais uma vez, Piper escreveu: “A maneira como penso sobre a aposentadoria — embora eu não acredite em ‘aposentadoria’ se for possível evitá-la — é que devemos começar a fazer coisas diferentes para Jesus. E se for possível fazê-las sem ter que receber pelo trabalho, já que há uma poupança suficiente, então isso é ainda mais maravilhoso ”.

Algumas pessoas não terão a poupança necessária . Isto poderá leva-las a trabalhar por mais tempo, a uma redução de gastos, ou a solicitar ajuda de amigos e familiares. Mas não importa o que aconteça, podemos confiar na bondade do nosso gracioso Pai celestial e na certeza de sua provisão para nós de acordo com sua palavra, pois certamente aquele que estava disposto a sacrificar seu próprio Filho por nossa salvação também “nos dará graciosamente com ele todas as coisas” que necessitarmos nesta vida para ama-lo e servi-lo (Romanos 8.32; Filipenses 4.19).

2. Quando a saúde e a vitalidade diminuem

Alguns de nossos dons, especialmente aqueles ligados à força e à energia da juventude, começarão a diminuir, à medida que envelhecermos. Mas, apesar de diminuição de capacidades, não devemos cair na tentação de nos desligar e desengajar; não devemos nos afastar de nosso chamado para perseverar (Hebreus 10.39). Embora nossas capacidades físicas possam diminuir, nossos espíritos podem ser renovados pelo Espírito Santo a cada dia (2 Coríntios 4.16).

Fazemos o que podemos para manter a saúde por meio de uma vida sábia e de cuidados médicos, mas, em última análise, dependemos de Deus para nos fortalecer e ajudar a cada dia. Buscamos a graça de Deus para receber a força da qual necessitamos para enfrentar cada dia; porque quando sou fraco, o poder de Cristo se aperfeiçoa em minha fraqueza portanto me gloriarei nas fraquezas (2 Coríntios 12.9-10).

3. Quando nos sentimos cansados ​​de fazer o bem

Pode haver uma inclinação entre os crentes mais velhos que labutaram no trabalho, na família e na igreja por toda a vida, para verem a aposentadoria como um tempo para recuar e relaxar. A aposentadoria pode ser um tempo para descansar, relaxar e se divertir — estas são dádivas de Deus — mas não é hora de ceder ao cansaço e deixar a obra do evangelho para outros (Gálatas 6.9).

Crentes maduros ainda têm muito a oferecer, por isso seria um erro nos marginalizarmos, afastando-nos da vida da igreja. É muito melhor mantermo-nos envolvidos o máximo que pudermos e continuar usando nossos dons, seja como for, a serviço dos outros (1 Pedro 4.10).

4. Quando surgem a decepção e o arrependimento

Algumas pessoas mais velhas têm dificuldades devido a circunstâncias e relacionamentos difíceis, ou simplesmente devido a fracassos e remorsos ou esperanças, sonhos e expectativas não realizadas. Podemos nos tornar cínicos, amargos, ressentidos, apáticos, desencorajados e talvez até mesmo de coração duro em relação a Deus e aos outros. A Bíblia frequentemente nos adverte sobre isso, em nenhum lugar mais diretamente do que em Colossenses 3.12-13, onde Deus desafia seus filhos de qualquer idade a se revestirem “de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade. Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós;”.

Somos conclamados, até o fim, a cuidar e a exortar uns aos outros diariamente a perseverar na fidelidade e a viver nossa nova vida como discípulos de Jesus Cristo por toda a vida (Hebreus 3.12–14). As batalhas contra o cinismo, contra o ressentimento e contra a dureza de coração se ganham ao nos lembrarmos do perdão misericordioso que recebemos por meio de Cristo.

Como Envelhecer

À medida que envelhecemos, estamos chegando cada vez mais perto do dia em que deixaremos esta vida e entraremos na vida eterna no céu que Deus nos prometeu. Muitos de nós, estão demasiadamente focados no aqui e agora. Nosso destino máximo e final em Cristo é a eternidade no céu e não uma aposentadoria maravilhosa nesta terra. Esta grande esperança nos ajuda a enfrentar provações e tribulações ao envelhecermos, percebendo que elas serão temporárias e meramente o caminho de passagem desta vida em direção ao nosso lar final e eterno (Romanos 8.18).

Ecoando a John Piper, que Deus nos ajude a “envelhecer de uma forma que faça Deus parecer glorioso, vivendo e morrendo de uma maneira que mostre que Deus é o tesouro que tudo satisfaz, e não vivendo de uma maneira que pareça que este mundo seja nosso tesouro”.

Traduzido por Tiago Hirayama.

Publicado originalmente em desiringGod.org.

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