A igreja estava crescendo. A ameaça de perseguição não conseguiu pará-la (Atos 4). A ameaça de corrupção não conseguiu detê-la (Atos 5). Mas o inimigo ainda tinha outro truque na manga: divisões internas.
Os judeus de língua grega reclamaram contra os hebreus de que suas viúvas estavam sendo negligenciadas na distribuição diária de alimentos. Os apóstolos reuniram a igreja e abordaram diretamente o assunto:
“Não é razoável que nós abandonemos a palavra de Deus para servir às mesas. Mas, irmãos, escolhei dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria, aos quais encarregaremos deste serviço.”—Atos 6.2b-3
O que fariam os apóstolos enquanto este plano era executado?
“e, quanto a nós, nos consagraremos à oração e ao ministério da palavra.”—Atos 6.4
Esta declaração resume sucintamente a descrição de funções para o ministério pastoral: a oração e ministério da palavra.
A Oração
Os apóstolos eram dedicados à oração. Era dever deles orar. A oração não era o que eles faziam enquanto lideravam a igreja. Era essencial para a liderança deles. Não havia uma dicotomia separando a obra, da oração. A oração era a sua obra! É disto que a igreja necessita hoje.
Primeiramente, líderes espirituais necessitam se dedicar à oração pessoal. A comunhão com Deus em oração deve caracterizar nossas vidas. Alguém disse corretamente que o que um ministro é em seu recanto de oração diante de Deus, é o que ele é—nada mais, nada menos. É por isso que o diabo prefere que os líderes façam centenas de coisas maravilhosas, se ele os puder fazer parar de orar. Os líderes espirituais só podem ministrar de forma eficaz quando oramos consistentemente.
Além disso, os líderes espirituais necessitam ser dedicados à oração pública. A proclamação da palavra é a coisa mais pública que os pastores fazem. No entanto, Atos 6.5 coloca a oração ao lado do ministério da palavra. Isso indica que os líderes espirituais devem estar tão comprometidos em liderar a igreja a orar quanto estamos em liderar a igreja no ministério da palavra. O ato de liderar a congregação em oração é uma oportunidade de ensino que não ousamos abordar com negligência. Necessitamos fazer o nosso melhor para nos preparar para liderar os santos em oração corporativa.
O Ministério da Palavra
Atos 6.1-7 é frequentemente considerado a instituição dos diáconos na igreja. Mas a palavra “diácono” não é usada neste texto. O termo relacionado “ministério” é usado. Mas não se aplica ao ofício de diáconos. E não é usado para descrever os sete homens selecionados para servir às mesas. É usado para descrever a devoção dos apóstolos ao “ministério da palavra” (versículo 4). Todo cristão é um ministro de Cristo. Mas os líderes pastorais têm um chamado único. Servimos a Cristo como ministros da palavra. Somos servos da palavra.
Algumas pessoas pensam que pastores-mestres trabalham muito pouco. Pensam que jogamos golfe a semana toda e nos levantamos quando é hora de pregar e rasgamos o verbo. Mas aqueles que fazem isso não são verdadeiros homens de Deus. De fato, alguns homens fazem o trabalho do púlpito parecer tão fácil que pode-se pensar que não exigiu qualquer esforço. Mas eles precisam trabalhar duro para que pareça fácil. O ministério fiel da palavra requer preparação bem como proclamação. Realmente, a proclamação é a parte fácil. É a parte divertida. O fardo está na preparação.
A exposição bíblica não cresce em árvores. Deus não fala com pregadores e sobrenaturalmente lhes dá a exegese do texto. Pregação e ensino claros, fiéis e consistentes geralmente requerem 90% de transpiração e 10% de inspiração. Fazemos tudo o que podemos fazer e então Deus faz aquilo que não podemos fazer. Paulo instruiu: “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.” (2Tm 2.15).
Nota do editor: Este artigo foi publicado originalmente em HBCharlesJR.com
Traduzido por Felipe Barnabé.
