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A Depressão e o Ministério: Um Sabático Ministerial

Fui convidado a abordar a questão, “Se você estiver enfrentando depressão, deve se afastar temporariamente do ministério?”. Adentro este debate com trepidação pois a frase “blog sobre depressão” é semelhante à “camarão gigante”—as palavras realmente não combinam. A pior coisa para uma pessoa com depressão seria uma resposta que pareça banal, simplista ou condescendente.

Como Paul Tripp apontou na parte 1 desta série, há causas variadas para a depressão em pastores. Por esta razão, não existe um “modelo único” de resposta para a questão diante de nós. Todavia, existem pelo menos 8 razões pelas quais é aconselhável que um pastor solicite um breve período sabático de talvez 2 a 6 meses se estiver enfrentando prolongada e pronunciada depressão.

1. Para ter tempo para passar por exames médicos aprofundados.

Recentemente, um de nossos seminaristas começou a ter sintomas incomuns. À princípio o médico não ficou especialmente preocupado, mas finalmente propôs realizar exames adicionais. Uma ressonância magnética revelou a presença de um tumor no seu cérebro e a necessidade de uma cirurgia iminente.

É provável que a maioria das depressões de pastores tenham origem de ordem biológica? Provavelmente não. No entanto, especialmente se os sintomas são anormais ou marcados por surgimento repentino, é melhor realizar exames completos para descartar qualquer problema fisiológico.

2. Porque Deus diz ao seu povo para descansar.

Deus descansou como exemplo para todos nós seguirmos (Ex 20.11). Jesus convidou seus discípulos dizendo “Vinde repousar um pouco, à parte, num lugar deserto” (Mc 6.31). Sempre me surpreendo como nos sentimos diferentes e enxergamos problemas de maneira diferente após um período de descanso prolongado.

3. Passar tempos prolongados na oração e na meditação.

Nosso compassivo Sumo Sacerdote nos convidou: “Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna.” (Hb 4.16). Jesus sabia da importância de passar tempos prolongados em oração com nosso Pai Celestial (Mt 14.23). Nós que o servimos seremos sábios se seguirmos seu exemplo.

4. Porque o sofrer é um processo.

As Escrituras nos oferecem uma robusta “soferologia” onde homens e mulheres clamam a Deus de maneira autêntica. Somos encorajados a tratar nossos sofrimentos e decepções de uma maneira que nos conduza para mais perto do nosso Salvador. No entanto, alguns de nós temos crido que o “tempo cura todas as feridas,” ou que “meninos crescidos não choram.” Um período sabático permite ao pastor enfrentando uma depressão a ser honesto sobre o que está acontecendo a ele, com ele, e ao seu redor. Este tipo de sinceridade emocional e espiritual é essencial ao crescimento e fidelidade a longo prazo.

5. Para colocar os problemas que enfrentamos em perspectiva.

O profeta Elias ficou tão deprimido quando sofreu ameaças da perversa Jezabel que “pediu para si a morte e disse: Basta; toma agora, ó SENHOR, a minha alma” (1Rs 19.14). Ironicamente no capítulo anterior Deus havia dado a Elias uma vitória extraordinária sobre os 450 profetas de Baal. Afastar-se do ministério por um curto período de tempo pode permitir ao pastor avaliar seus desafios presentes sob a luz das muitas bênçãos que frequentemente acompanham o ministério.

6. Dar atenção ao seu próprio coração.

“Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o coração, porque dele procedem as fontes da vida” (Pv 4.23). Como mencionei acima, a depressão é um tópico complexo e pode resultar de muitas raízes. No entanto, frequentemente a raiz é uma serie de pensamentos e desejos que estão fora de sintonia com o plano redentor de Cristo para nossas vidas.

Ser pastor é como viajar diariamente para a Feira das Vaidades; “Desejo ser curtido e apreciado. Desejo que minha igreja cresça. Desejo mais dinheiro. Desejo respeito. Desejo um auditório maior. Desejo ser convidado a pregar nos cultos. Desejo ser famoso.”

Com frequência nossos desejos—ousaria dizer, ídolos—são confrontados com a realidade do ministério diário: “Preguei de todo coração e ninguém disse coisa alguma. O telhado está gotejando novamente. Os outros presbíteros votaram contra mim. Três famílias saíram para a igreja com o pastor mais jovem e com grupo de louvor melhor.”

As pressões e as decepções do ministério não são a causa da depressão. As provações são simplesmente o cadinho no qual os desejos do meu coração idólatra são expostos. Quando este for o caso, é hora de desacelerar e tratar das motivações erradas que nos conduziram à decepção e à depressão.

7. Focar na alegria do Evangelho

Um ministério sem alegria é um paradoxo. Jesus disse ao cristãos em Éfeso, “Conheço as tuas obras, tanto o teu labor … e tens perseverança, e suportaste provas por causa do meu nome, e não te deixaste esmorecer. Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor.” (Ap 2.2-4)

Servi à uma mesma igreja por 24 anos. Conheço um pouco sobre as dores e pressões do ministério. Mas também sei disso—Jesus me amou, e Jesus me ama, e Jesus sempre me amará. O Evangelho pode colocar um sorriso no meu coração, por vezes cansado e partido.

8. Receber aconselhamento piedoso

“Ouça o sábio e cresça em prudência; e o instruído adquira habilidade” (Pv 1.5). Durante seu sabático, programe tempo para você e sua esposa se encontrarem com outros casais em ministério. Conte-lhes sua história e ouça da sabedoria que Deus está lhe dando através deles.

Concluindo

Às vezes um pastor desiste justo no momento em que Deus o está distendendo e à família da igreja e trazendo a todos envolvidos a um lugar mais profundo de crescimento e benção. Não tome decisões dramáticas quando estiver deprimido. Afaste-se de suas obrigações ministeriais por um curto período. Trate suas experiências e emoções de modo cuidadoso e bíblico. Então, e somente então, a vontade de Deus para seus próximos passos se tornará clara.

Traduzido por Cynthia Costa.

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