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A maioria de nós deseja ser mais produtivo. Buscamos saber a melhor maneira de fazer tudo. A expressāo bíblica mais frequentemente usada a este respeito é “remindo o tempo” (Ef 5.16). Seguir o conselho de Paulo é de fato a maneira adequada de refletir sobre nossa vida diária. Mas o que ele quis dizer quando usou esta expressão? Embora as palavras de Paulo se apliquem a sermos mais produtivos, sua visão é mais abrangente do que apenas riscar itens de uma lista de tarefas.

No entanto, muitas vezes livros sobre produtividade e gestão do tempo, apesar de terem muitos insights úteis, não possuem a visão abrangente do apóstolo Paulo. Para sermos mais eficazes fazendo as coisas certas, é necessário entender o que remir o tempo realmente significa.

Com este objetivo, vamos considerar quatro coisas que “remir o tempo” não significa, a fim de trazer clareza ao que de fato significa.

1. Não Remimos o Tempo Negligenciando o Próprio Cristo

Começamos pelo principal. Remir o tempo não se baseia em uma melhor gestão do calendário, mas sim em viver fielmente à luz da vinda de Cristo, nosso Salvador. É importante notar que a discussão sobre remir o tempo acontece perto do fim de Efésios. Deve ser entendida à luz do que foi escrito antes.

Efésios apresenta uma das mais extensas reflexões sobre o Cristo exaltado no Novo Testamento. Jesus veio para reconciliar pecadores com Deus e uns com os outros (Ef 2.11-21; 3.6-10). Cristo veio para reverter os efeitos do pecado, pois em Cristo todas as coisas convergem (1.10). A desarmonia e os efeitos destrutivos do pecado são superados na nova criação de Cristo, na qual os crentes estão sendo edificados (4.13-16). Nem todos têm o mesmo papel, mas unida a Igreja deve ser edificada na prática em direção à unidade que já é verdadeira em princípio (cf. 4.7).

Antes de tudo, a declaração de Paulo sobre remir o tempo deve ser entendida à luz da supremacia de Cristo como o foco do universo, e nossa tarefa de crescer em maturidade espiritual em comunidade.

Remir o tempo requer fé em Cristo como o Rei dos reis.

2. Não Remimos o Tempo Confiando em Nossas Próprias Habilidades

Infelizmente, muitos cristãos bem intencionados absorveram a mentalidade do popularíssimo livro de Norman Vincent Peale, O Poder do Pensamento Positivo. No entanto, o ponto de partida de Peale sāo nossas próprias habilidades. Ele instou seus leitores a confiarem em si mesmos e a liberarem seus poderes internos.

O ponto de partida de Paulo é bem diferente. Ele explica que somos naturalmente incapazes de fazer qualquer bem e necessitamos de um renascimento espiritual (2.1-10). Não remimos o tempo por nós mesmos, mas pelo poder do Espírito Santo derramado sobre a igreja (4.6-8). Remir o tempo requer ser guiado pelo Espírito (cf. 5.18) e não operar por nossas próprias forças ou de acordo com nossas prioridades.

Remir o tempo requer um novo nascimento em Cristo e a capacitaçāo da presença do Espírito Santo.

3. Não Remimos o Tempo se Vivemos em Pecado

Remir o tempo significa que necessitamos compreender o perigo do pecado e resistir a ele. Remir o tempo requer andar sabiamente em todas as áreas da vida, o que significa um viver santo segundo a nova criação inaugurada por Cristo e sua ressurreição (4.22-24).

O pecado é característico da época atual, uma época maléfica, na qual o Diabo permanece ativo. Isto significa que nossas ações são muito mais significativas do que apenas se conseguimos fazer o suficiente durante um dia; necessitamos viver de acordo com a nova criatura, ao seguirmos a Cristo em um mundo pecador. Isto requer uma visão holística de sabedoria bíblica (5.15).

A vida de Paulo nos serve de advertência. Antes de sua conversão, ele era ambicioso e se avantajava a muitos de seus contemporâneos (Gl 1.14). No entanto, quando encontrou a Cristo, descobriu que o seu zelo, embora sincero, estava equivocado. Ele estava trabalhando contra Cristo e sua vida tinha que ser mudada.

Remir o tempo significa que promoções e produtividade estão subordinados à santidade prática.

4. Não Remimos o Tempo Fixando-nos em Objetivos Terrenos

Viver sabiamente à luz da supremacia de Cristo nos faz recordar a necessidade de alinharmos nossas prioridades com as das Escrituras. Será que nossos planos são coerentes com o chamado para vivermos sob sua autoridade em Efésios 4-6? Buscamos compreender a vontade do Senhor?

Isso nos ajuda a lembrar que o objetivo final não é elaborar o próximo projeto ou maximizar nossa influência nesta era. Remir o tempo relativiza nossas próprias ambições. Da mesma forma, Eclesiastes nos lembra que não importa quão grandes sejamos, todas as nossas obras serão esquecidas pelas gerações futuras (por exemplo, Ec 1.11; 2.15-16). Em vez disso, o mais importante é temer a Deus e guardar seus mandamentos (Ec 12.13).

Mesmo assim, a ressurreição de Cristo nos encoraja que nossos esforços não sāo em vão (1Co 15.58). Nossas obras realmente importam, e devemos trabalhar nelas diligentemente com todas as nossas forças (Cl 3.23). No entanto, é necessário que o façamos remindo o tempo — vivendo sabiamente à luz da supremacia universal do Rei que ressuscitou.

Traduzido por: Vittor Rocha

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