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A Igreja Está Preparada para Responder ao Poliamor “Cristão”?

Chuck e sua esposa fizeram seu comunicado no Facebook. Eles estavam abrindo seu casamento para outros relacionamentos.

Eu só conhecia Chuck através de alguns conhecidos em comum, mas ele e sua esposa pareciam um casal normal e monogâmico. A seção de comentários explodiu em louvor e aplausos por sua “coragem e bravura” em se comprometerem com outras pessoas fora da aliança do casamento. Embora algumas pessoas tentaram questionar a sensatez de buscar parceiros adicionais, elas foram submersas por um coro de defensores rápidos em acabar com essas considerações “intolerantes” e “julgadoras”.

O que tornou o comunicado tão chocante não foi a decisão de abraçar o poliamor. Como muitos outros, eu já vinha esperando isto desde que o Supremo Tribunal Federal dos EUA pavimentou o caminho para a poligamia na decisão do caso Obergefell sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo. O que me surpreendeu foram os argumentos de Chuck para o poliamor vindos da Escritura e da teologia cristã. A apologia de relações sexuais fora do casamento com base no consentimento mútuo já existe há décadas. Mas as justificativas de relações poliamorosas baseadas na linguagem trinitariana e na ética de caridade de Jesus são um desenvolvimento recente e perigoso – uma ameaça para a compreensão adequada da ética sexual cristã.

Do Consentimento ao Poliamor “Cristão”

Franklin Veaux, criador do popular site de estilo de vida poliamoroso More Than Two [Mais Que Dois], define um relacionamento poliamoroso como “um relacionamento romântico em que as pessoas da relação concordam que não há problema algum em todos estarem abertos ou terem outros parceiros românticos”. Psicólogos e cientistas sociais distinguem entre os tipos de relações poliamorosas, incluindo swing (cônjuges que buscam outros parceiros para sexo casual), poligamia (o casamento de múltiplos cônjuges) e polifidelidade (o compromisso entre parceiros de não formar relacionamentos com pessoas de fora de um grupo), entre outras práticas do mesmo tipo. No fim das contas, indivíduos não-cristãos poliamorosos creem que o consentimento em si é a única peça central que mantém o(s) relacionamento(s) unido(s) – qualquer coisa além disso cabe aos indivíduos envolvidos.

O poliamor “cristão” baseia-se nesse fundamento de consentimento, mas procura tornar normal o relacionamento apelando para interpretações errôneas do testemunho das Escrituras e interpretações fantasiosas da teologia cristã. Jennifer Martin, descrevendo sua própria jornada para descobrir o poliamor cristão, diz que, como um jovem cristã tradicional, casou-se jovem, sentiu-se confinada pelos limites conservadores da cultura da pureza e quis explorar a sexualidade que nunca tivemos realmente a chance de ter. Para ela, isso significava ter um namorado simultaneamente ao marido de nove anos, um homem com quem tem dois filhos.

Poliamor é apenas o próximo movimento para encontrar uma audiência receptiva entre os cristãos professos que já estão dispostos a justificar qualquer relação sexual consensual com as leituras revisionistas da história e teologia cristãs. Muitos cristãos têm alertado, aqueles de nós que defendem o casamento monogâmico heterossexual como a única expressão válida da sexualidade, que este dia estava chegando.

Está você preparado para responder às declarações de “cristãos” poliamorosos?

Embora Martin use a linguagem do consentimento para justificar relacionamentos poliamorosos, ela hesita em parar por aí. Ela quer fundamentar seu poliamor em uma visão alterada da vida cristã: “Embora eu concorde com uma visão pós-moderna das Escrituras”, ela diz, “Eu ainda tinha dificuldade em crer que não estava ‘suja’. E tem sido difícil encontrar líderes espirituais que tanto aceitem meus sentimentos como naturais, como respeitem minha profunda fé ”.

Distorcendo as Escrituras

Escritores e professores, como Jeff Hood, estão bem dispostos a fornecer tal justificativa para os cristãos que desejam ter estes tipos de relacionamentos. Hood, um pastor progressista em Dallas e ex-pastor pela Convenção Batista do Sudeste dos EUA, afirma que “o amor é a essência das Escrituras”. Ele vê as relações poligâmicas adotadas pelos patriarcas bíblicos (por exemplo, Abraão, Isaque e Jacó) como problemáticas, mas a chegada de Jesus assinala uma era de amor e tolerância que suplanta o Antigo Testamento. Quando confrontado com o ensinamento de Paulo sobre o casamento, Hood o rejeita inteiramente: “Considero as palavras patriarcais de Paulo como ofensivas, humilhantes e arrogantes”.

Martin e Hood fazem apelos semelhantes em sua tentativa de justificar o poliamor como uma forma válida de amor romântico para os cristãos: (1) Ambos mencionam o retrato das relações poligâmicas do Antigo Testamento como indicação da abertura de Deus para outras opções além da monogamia, ao mesmo tempo em que criticam o modelo patriarcal do Antigo Testamento; (2) ambos usam o silêncio inferido de Jesus como prova de sua aprovação de relacionamentos românticos não-monogâmicos e não-heterossexuais; e (3) ambos criticam as visões de Paulo sobre a sexualidade, descartando-o como um representante ilegítimo dos pontos de vista de Jesus.

No post amplamente divulgado de Chuck revelando a adoção do poliamor por ele e sua esposa, ele ataca os progressistas seculares por sua lenta aceitação dos casais cristãos poliamorosos: “A igreja cristã percorreu um longo caminho em questões relacionadas à sexualidade humana… No entanto, o mesmo não pode ser dito ainda para outra orientação relacional: o poliamor.” Chuck afirma que “milhares de cristãos fiéis” praticam o poliamor. Embora ele não ofereça estatísticas que comprovem esta afirmação, ele está certo em perceber que mesmo os progressistas relutam em aceitar o poliamor como uma estrutura sexual válida para os casamentos.

Erin Wathen, uma pastora progressista na United Church of Christ [Igreja Unida de Cristo], é uma das pessoas que não estão convencidas de que o poliamor é um caminho construtivo para os cristãos. Embora ela declare sua crença na nobreza do casamento entre pessoas do mesmo sexo, ela entretanto diz: “Estou convencida de que há algo no um a um, no qual o casamento é mantido melhor como um pacto entre dois. Ainda estou convencida de que a fidelidade significa amar aquele com quem você está – corpo, mente e espírito ”. Ironicamente, ela lamenta que acabe soando como um daqueles “tradicionalistas antiquados”.

A Próxima Era da Revolução Sexual

A crescente aceitação do poliamor pelos progressistas e (que em breve serão ex) evangélicos, é um sintoma do testemunho da igreja ao padrão normativo de Deus para a sexualidade depois de Obergefell. Pressionados (ou liberados) para entrarem rapidamente em acordo com seus acusadores na cultura mais ampla, esses mestres se apropriaram do texto bíblico para abrir um caminho para as pessoas LGBTI e poliamorosas para dentro da igreja sem a confissão e arrependimento do pecado exigido pelas Escrituras. Além do mais, há uma notável falta de referência ao testemunho uniforme dos cristãos ao longo da história que – até poucos anos atrás – negava que qualquer relação sexual fora do casamento heterossexual tivesse a bênção de Deus, com base em que tais relacionamentos são contrários ao seu padrão revelado para o casamento. .

O post de Chuck no Facebook foi chocante, mas serve como um alerta para os cristãos que vivem na ascensão da revolução sexual: quase nada está fora dos limites. Poliamor é apenas o próximo movimento para encontrar uma audiência receptiva entre os cristãos professos que já estão dispostos a justificar qualquer relação sexual consensual com as leituras revisionistas da história e teologia cristãs. Muitos cristãos têm alertado, aqueles de nós que defendem o casamento monogâmico heterossexual como a única expressão válida da sexualidade, que este dia estava chegando.

Está você preparado para responder às declarações de “cristãos” poliamorosos?

Traduzido por Cynthia Costa
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