“Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas, orações, intercessões, ações de graças, em favor de todos os homens, em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade, para que vivamos vida tranquila e mansa, com toda piedade e respeito.” (1Timóteo 2.1-2)
Diante da dura realidade imposta durante estes primeiros meses do ano de 2020, os membros da Coalizão Pelo Evangelho abaixo-subscritos vêm a público a fim de encorajar que as igrejas em todo o Brasil continuem em oração pelo nosso país. Os dias são, de fato, difíceis. A pandemia de COVID-19 forçou a população a se confinar dentro de casa. A estratégia de contenção de propagação do vírus impôs outro grande desafio, que são seus inevitáveis efeitos colaterais sociais, sendo o mais nítido a degradação da economia, que apenas começava a se recuperar após anos de estagnação. Também se percebe um crescente comprometimento na saúde mental de muitos brasileiros, no aumento da violência doméstica, do consumo de pornografia, e no de perversões, tais como a pedofilia virtual ou intrafamiliar. Estas mazelas, além de nos entristecerem, devem mobilizar nossos melhores esforços em oração e serviço.
A nação assiste também, ao lado da crise do sistema de saúde e da economia, a um agravamento do conflito político nas últimas semanas. A sociedade civil, diante dos desdobramentos das tensões, está praticamente de mãos atadas, restando-lhe esperar o término dos problemas enquanto, no máximo, consegue se expressar pelas redes sociais – o que, lamentavelmente, acaba por gerar, muitas vezes, mais desentendimento.
Importante refletirmos, ainda, acerca da perceptível crise de autoridade em diversas esferas da sociedade. Faz-se notória a confusão de informações e desinformações acerca de todos esses acontecimentos que nos afligem. A mídia claramente não goza da credibilidade que outrora desfrutava. Testemunhamos nesses dias, até mesmo, a triste politização e endeusamento da ciência. Dentro da comunidade científica, inclusive, que poderia e deveria se apresentar de forma mais objetiva, há conflitos de dados e interpretações sobre como tratar a pandemia. O ambiente político, por sua vez, está contaminado por uma infindável luta ideológica e de poder que torna difícil para o brasileiro comum viver “vida tranquila e mansa”, em oração, como nos manda a Escritura.
Entendemos, contudo, que nada nos obsta, a nós cristãos, que vivamos “com toda piedade e respeito”. E nada há que seja capaz de impedir a igreja, o corpo de Cristo no Brasil, a colocar-se de joelhos a fim de “usar a prática de súplicas, orações, intercessões, ações de graças, em favor de todos os homens, em favor de reis e de todos os que se acham investidos de autoridade”. Desse modo, em vista do exposto, recomendamos que os crentes em Cristo Jesus individualmente e coletivamente com suas igrejas continuem orando pelo nosso país da seguinte maneira:
- Pelas autoridades públicas que têm a prerrogativa de tomar decisões acerca de políticas para o combate do novo coronavírus. A responsabilidade é grande, afeta milhões de pessoas, e a muita desinformação torna o trabalho dessas autoridades ainda mais difícil.
- Para que as informações corretas e livres de interpretações duvidosas se sobreponham a fim de auxiliar a sociedade como um todo na luta contra a pandemia.
- Pelas autoridades constituídas nas esferas federal, estadual e municipal. Independente da posição política e ideológica de cada um, precisamos que haja um mínimo de entendimento e unidade para uma saída célere e eficaz da atual crise de saúde, econômica e política.
- Pelos profissionais de saúde. Estes estão constantemente expostos ao contágio e necessitam de livramento nesse momento a fim de poderem servir o maior número de pessoas possível.
- Pelo fim da pandemia no Brasil e no mundo; assim como pelos doentes, infectados com Covid-19, para que sejam curados; pelas famílias enlutadas em razão das mortes de Covid-19; e pelos pesquisadores, para que desenvolvam remédios e vacina eficientes.
- Pelas forças de segurança, para que Deus os proteja e para que exerçam seu trabalho com responsabilidade, sensibilidade e respeito à lei.
- Pela situação financeira dos trabalhadores brasileiros, sobretudo dos desempregados.
- Por pacificação, pois o país precisa que o clima de conflito político e social chegue ao fim.
- Para que o brasileiro possa ainda viver “vida tranquila e mansa, com toda piedade e respeito”, vendo logo um fim de todas essas tensões.
- Pela igreja cristã, para que seja “o sal da terra [e…] a luz do mundo” (Mateus 5.13,14), evidenciando, pelo evangelho, que nossa esperança última se encontra no Senhor Jesus Cristo, que foi crucificado “por causa das nossas transgressões e ressuscitou por causa da nossa justificação” (Romanos 4.25) – e somente na promessa dele confiamos: “venho sem demora” (Apocalipse 3.11).
Que o Senhor Jesus Cristo, nosso único Salvador, tenha misericórdia do seu povo no Brasil, e responda às nossas orações para o louvor da glória de Seu nome.
4 de maio de 2020.
Augustus Nicodemus é pastor auxiliar na Primeira Igreja Presbiteriana do Recife .
Cleyton Gadelha é pastor titular da Igreja Batista de Parquelândia e diretor executivo da Escola Teológica Charles Spurgeon (Fortaleza/CE).
Davi Charles é pastor da Igreja Presbiteriana Paulistana (São Paulo/SP).
Emílio Garofalo é pastor da Igreja Presbiteriana Semear (Brasília/DF).
Euder Faber é pastor da Igreja O Brasil para Cristo e presidente da Visão Nacional para a Consciência Cristã .
Franklin Ferreira é diretor-geral do Seminário Martin Bucer (São José dos Campos/SP) e presidente do Conselho da Coalizão pelo Evangelho.
Hélder Cardin é chanceler das escolas teológicas Palavra da Vida Brasil, e professor pesquisador no Seminário Bíblico Palavra da Vida.
Jonas Madureira é pastor da Igreja Batista da Palavra (São Paulo/SP), professor no Seminário Martin Bucer e vice-presidente da Coalizão pelo Evangelho.
Leonardo Sahium é pastor da Igreja Presbiteriana da Gávea (Rio de Janeiro/RJ), vice-presidente da Junta de Educação Teológica da Igreja Presbiteriana do Brasil e diretor do Centro de Treinamento para Plantadores de Igrejas (CTPI) .
Luiz Sayão é pastor sênior da Igreja Batista Nações Unidas e professor no Seminário Martin Bucer.
Mauro Meister é pastor da Igreja Presbiteriana – Barra Funda (São Paulo/SP).
Renato Vargens é pastor sênior da Igreja Cristã da Aliança (Niterói/RJ), escritor e conferencista.
Sillas Campos é pastor da Igreja Batista Central de Campinas e presidente do Ministério Fiel.
Solano Portela é presbítero da Igreja Presbiteriana do Brasil, servindo na Igreja Presbiteriana de Santo Amaro (São Paulo, SP), e docente no Centro Presbiteriano de Pós Graduação Andrew Jumper e no Seminário Teológico JMC.
Tiago Santos é um dos pastores da Igreja Batista da Graça (São José dos Campos/SP), co-fundador e diretor do programa de estudos avançados no Seminário Martin Bucer e editor-chefe na Editora Fiel.
Valter Reggiani é pastor da Igreja Batista Reformada de São Paulo e presidente da Convenção Batista Reformada do Brasil .
Wilson Porte Jr. é pastor da Igreja Batista Liberdade (Araraquara/SP) e presidente do conselho e professor do Seminário Martin Bucer.
[Com a colaboração de Warton Hertz, Pastoral Resident em Chicago na Addison Street Community Church em conjunto com Neopolis Network e Holy Trinity Church]