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Algumas de minhas lembranças mais antigas são de meu pai, que praticava a pesca com mosca (fly fishing), selecionando cuidadosamente pequenos pedaços de pluma e pêlos de crina para a sua caixa de moscas. Ele sabia da importância de levar uma seleção colorida e variada de moscas: Uma vez no rio, ele identificava os insetos recém-nascidos na superfície do córrego e percebia quais estavam atraindo os peixes. Ele pode, então, “imitar a isca” escolhendo os insetos correspondentes da sua caixa, amarrando na sua linha uma mosca que se assemelhasse as moscas reais próximas da superfície.

Também, na vida cristã, devemos “imitar a isca.” Os mandamentos “Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram” (Rm 12.15) e ” Levai as cargas uns dos outros” (Gl. 6.2) são exortações para a solidariedade, para nos unirmos aos sofrimentos e bênçãos dos outros.

Estes mandamentos nos convocam a olhar para nossos irmãos e irmãs e, em seguida, pegar luvas de trabalho, vestir pano de saco, ou passar a ferro nossas melhores roupas de festa. Eles nos convocam a vestir nossos corações para combinarmos com as pessoas ao nosso redor.

E uma das melhores maneiras que podemos nos identificar com o coração dos outros é orarmos com eles. O seu irmão está alegre? Dê graças junto a ele. A sua irmã está de luto? Expresse tristeza junto a ela. Será que alguém tem uma necessidade? Faça disso sua preocupação também.

Amando o Aflito e o Alegre

Tornamos isso mais evidente quando outros estão experimentando provações (ou alegrias) que nós mesmos já experimentamos. Quando eu e meu marido sofremos a dor de um aborto espontâneo, outros casais que também haviam perdido seus filhos oraram por nós. Irmãos e irmãs se solidarizaram conosco na reunião de oração da igreja, pedindo a Deus que cuidasse de nossas dores com carinho da mesma forma como ele havia cuidado carinhosamente deles em sua dor.

Então, um ano mais tarde, quando celebramos o nascimento do nosso filho, os mesmos casais se alegraram conosco, louvando a Deus pela generosa dádiva de um bebê, assim como ele também havia dado filhos para muitos deles.

Isto é o que Cristo faz por nós. O Deus que se fez homem sempre intercede por nós (Hb 7.25) O Salvador que “tomou sobre si as nossas enfermidades, e carregou com as nossas dores;” (Is 53.4) compadece-se de nós (Hb 4.15). O pastor que celebra com seus amigos quando uma ovelha é resgatada (Lc 15.3-7) vai se alegrar conosco quando oramos.

Amando o Sobrecarregado e o Bem-aventurado

Mas também nos solidarizamos com outros em oração quando percebemos que eles não têm as bênçãos que temos. Nós que somos fortes damos uma mão para os fracos, ajudando-os a lançar seu fardo sobre o Senhor em oração. Desta forma, quem tem emprego ora pelos desempregados, o casado ​​intercede pelos viúvos, o crente maduro pelos novos crentes, os com saúde pelos enfermos, e aqueles em liberdade por aqueles que estão presos.

Um manual de membros de igreja de 1835 pitorescamente descreveu as bênçãos unificadoras de uma reunião de oração da igreja desta forma:

[A reunião de oração] tende a manter vivo o espírito de devoção; demonstra, pelas orações de tantos irmãos que se envolvem, as variedades menores, porém uniformidade predominante, da experiência cristã; humilha os ricos pelos dons santos e graça dos pobres; encoraja os pobres pela solidariedade, confissões, e reconhecimentos dos ricos; alegra o coração do ministro pelo interesse amável e súplicas fervorosas de seu rebanho; alicerça as mentes dos membros; e pode-se supor que trará as bênçãos de Deus sobre a igreja.

A última maneira na qual suportamos as cargas uns dos outros em oração é talvez a mais radical de todas: Nos solidarizamos com os outros quando oramos para que eles tenham bênçãos das quais nós mesmos não desfrutamos. Ao comentar o 10º mandamento, o Catecismo Maior de Westminster explica que temos o dever bíblico de promover “todo o seu bem (do nosso próximo).”

O Senhor deu ao seu irmão boa saúde? Ore para que ela continue boa. Deu à sua irmã um trabalho em que ela usa seus dons e supre suas necessidades financeiras? Ore para que ela o mantenha por muitos anos. Abençoou outros membros da igreja com casamentos amorosos, filhos obedientes, oportunidades para o ministério, e amizades abundantes? Ore para que estas bênçãos sejam multiplicadas ainda mais.

Este é o amor abnegado. Irmãos e irmãs, amemo-nos uns aos outros pela oração.

Nota do editor: Megan Hill é a autora de Praying Together: The Priority and Privilege of Prayer in Our Homes, Communities, and Churches [Orando Juntos: A prioridade e Privilégio da Oração em Nossas Casas, Comunidades e Igrejas] (Crossway, 2016). 

Traduzido por Claudio L. Chagas.

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