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Nota do Editor: 

As “outras abordagens” neste artigo são categorias originárias de Femi Osunnuyi, que pastoreia uma igreja da Atos 29 em Lagos, Nigéria.

Atos 29: Igrejas Plantando Igrejas

O livro de Romanos trata de mais coisas além da “Estrada dos Romanos”. Não é um livro apenas sobre a salvação individual (embora certamente comunique esta mensagem gloriosa). É também um livro sobre comunidades centradas no Evangelho e missões centradas no Evangelho.

Michael Bird diz que Paulo estava “saturando com o Evangelho”, os crentes em Roma. Desejava que cada aspecto de suas vidas fosse moldado e fortalecido pelo Evangelho. Isso se reflete especialmente na segunda metade do livro. Portanto, Romanos se destaca como um grande livro a ser considerado, não apenas por sua clareza teológica, mas também pelas ideias esclarecedoras sobre uma liderança centrada no Evangelho.

Antes de falarmos sobre os benefícios da centralidade do Evangelho, é importante entender como ela difere de outras abordagens:

Igrejas Que Negam o Evangelho

Estas não devem ser chamadas de igrejas. Várias seitas e posições extremas de liberalismo se encaixariam nesta categoria. Elas negam as verdades essenciais do Evangelho.

Igrejas Redefinidoras do Evangelho

Relacionadas com a categoria anterior, estas acrescentam ou subtraem coisas do Evangelho. Exemplos incluem a “teologia da prosperidade” e o “evangelho social”.

Igrejas que Presumem o Evangelho

Essas igrejas dizem que creem no Evangelho, mas raramente o pregam clara e profundamente. É o “cristianismo light”. Palestras de liderança, sermões terapêuticos e mensagens de melhoria prática são com o que se ocupam.

Igrejas que Afirmam o Evangelho

Tal como o grupo anterior, essas igrejas creem no Evangelho doutrinariamente, mas o Evangelho serve apenas para o evangelismo, e é segmentado para fora da vida da igreja.

Igrejas de Proclamação do Evangelho

Essas igrejas são conhecidas por pregar o Evangelho a cada semana no culto público. Mas o Evangelho ainda é visto como simplesmente evangelístico. O Evangelho leva as pessoas ao Reino, mas não é ensinado como aquilo que também molda e fortalece a vida cristã. Frequentemente, o que é comunicado aos crentes é alguma forma de moralismo pós-conversão.

Igrejas Centradas no Evangelho

Essas igrejas pregam o Evangelho toda semana explicitamente — mas não apenas para os incrédulos. Pregam e aplicam o Evangelho também aos cristãos, tal como Paulo fez aos romanos (Rm 1.15). O Evangelho molda e fortalece a ética cristã e a vida da comunidade cristã.

Por exemplo, o casamento é ensinado olhando para o amor de Cristo pela igreja (Ef 5.25); a generosidade é vista através das lentes da generosidade de Cristo (2 Co 8. 9); o chamado para perdoar está enraizado em nosso perdão em Cristo (Cl 3.13); a hospitalidade reflete a acolhida de Cristo (Rm 15.7). Os apelos à ação social – tal como cuidar dos órfãos, das viúvas, dos refugiados e dos pobres – também são feitos aos crentes com referência à sua própria identidade em Cristo.

As Implicações do Evangelho

Poderíamos dar muitas razões para buscar a centralidade do Evangelho, mas vou me limitar a cinco.

1. O Evangelho transforma vidas

Se você é um plantador de igrejas, pastor, missionário ou líder de ministério de qualquer tipo, é imperativo que tenha uma confiança inabalável no Evangelho. Ele é o poder de Deus para a salvação (Rm 1.16). Deus ama salvar os pecadores, e ele faz isso quando o Evangelho é proclamado. Além disso, Deus ama santificar seu povo, e ele faz isso à medida em que o Evangelho é aplicado.

2. O Evangelho nos leva a adorar

O Evangelho nos transforma de dentro para fora. E quando as afeições mudam, tudo muda. Se uma pessoa ama profundamente a Jesus, isso mudará dramaticamente seu comportamento . A teologia de Paulo o leva regularmente à doxologia (Rm 8.31-39;11.33-36).

3. O Evangelho nos tira do desespero

O pecado, o sofrimento e a morte nos levam à desesperança. O Evangelho ergue os santos das noites escuras da alma, nos recordando que o veredicto de Deus já foi pronunciado; que embora soframos agora, ainda estamos nas garras da graça do Pai. Mesmo a morte não pode nos separar do amor de Cristo (Rm 8.31–39).

4. O Evangelho une crentes diversos em comunidade

Em Romanos 8, Paulo está se exultando nas gloriosas promessas do Evangelho. É importante ver a linguagem plural que Paulo usa: “nos”, “nós”, “irmãos/irmãs” e assim por diante. Paulo está buscando unir judeus e gentios em Cristo, portanto ele escreve sobre a beleza do Evangelho por vários capítulos em Romanos. Ele quer ajudá-los a buscar a unidade no Evangelho e a considerar como eles devem amar uns aos outros na prática (Rm 12-14).

Quando chegamos ao capítulo 15, o apelo de Paulo à unidade culmina com esta oração: “Ora, o Deus da paciência e da consolação vos conceda o mesmo sentir de uns para com os outros, segundo Cristo Jesus, para que concordemente e a uma voz glorifiqueis ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo.” (Rm 15.5-6). Paulo está aplicando sua teologia para edificar um povo unificado e diversificado.

5. O Evangelho abastece nossa missão

Podemos suportar a oposição quando temos promessas como as de Romanos 8. Quando temos um Evangelho tão grande quanto este, vamos querer levá-lo às nações. Muitos não têm uma paixão pelas nações precisamente por não terem um Evangelho que mereça ser pregado.

Por isto, não é surpreendente ver a direção que Paulo toma no final de Romanos. No capítulo 15, descobrimos que Romanos é uma carta de apoio missionário. Paulo deseja levar o Evangelho à Espanha. Tom Schreiner diz que Paul teria em volta de 60 anos quando escreveu a carta! Isso é o que faz uma grande visão do Evangelho: ela alimenta nossa missão global.

Busque a Centralidade do Evangelho

Portanto, vamos procurar criar uma cultura centrada no Evangelho em nossas igrejas e ministérios. Exemplifique a centralidade do Evangelho em sua vida pessoal. Aplique o Evangelho em seu ensino. Veja o Evangelho nas ordenanças da igreja. Ore o Evangelho. Cante o Evangelho. Sature seus grupos e aulas com o Evangelho. Promova o Evangelho através do evangelismo e da plantação de igrejas. Comemore o Evangelho à medida em que vidas são transformadas. Avalie seu ministério observando cuidadosamente como o Evangelho está sendo proclamado e exaltado.

Que possamos seguir o conselho de Charles Spurgeon:

“Preserve o Evangelho, então, faça-o ainda mais. Dê Cristo ao povo e nada além de Cristo. Sacie-os, mesmo que alguns digam que você também os enjoa com o Evangelho… À beira da estrada, na pequena sala, no teatro – em qualquer lugar, em todos os lugares, vamos pregar a Cristo. Escreva livros se quiser e faça qualquer outra coisa ao seu alcance; mas se você não puder fazer outra coisa, pregue a Cristo.”

Do “lado da estrada” à “pequena sala”, em grandes centros de culto a igrejas domiciliares subterrâneas, de cidades a fazendas, de pobres urbanos a ricos suburbanos, de lugares difíceis a lugares de férias, vamos manter o que é de “primeiro importância ”(1 Co 15.3) o principal em nossas vidas, ministérios e igrejas.

Traduzido por Ana Heloysa.

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