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Todos nós vamos morrer. Aja em conformidade. ― Frank Costello

Por natureza, cada vida humana é trágica. Isto é verdade em pelo menos dois sentidos. Primeiramente, a história de cada um é descrita no Salmo 103:

Quanto ao homem, os seus dias são como a relva;
como a flor do campo, assim ele floresce;
pois, soprando nela o vento, desaparece;
e não conhecerá, daí em diante, o seu lugar. (Sl 103.15-16).

Esta é a forma da tragédia clássica, o rosto carrancudo, primeiro para cima e depois para baixo. Enquanto uma comédia é um sorriso (primeiro para baixo e depois para cima), a tragédia é uma história terminando com um “miserável para sempre”. Na literatura, uma história que termine com um funeral é uma tragédia. Bem, toda história humana termina com um funeral, então o que isto nos diz sobre nossas vidas? Elas são trágicas até o fim. Este é o primeiro sentido pelo qual a vida é trágica.

Mas há um segundo sentido. Agravamos a tragédia ao escolhermos viver tragicamente. Determinamo-nos a subir no mundo, a nos agarrarmos desesperadamente a tantas quantas experiências e conquistas pudermos, sabendo que em breve perderemos tudo. O chefe da máfia, Frank Costello, disse cruamente: “Todos nós vamos morrer. Aja em conformidade”. Pode ser que você se lembre do Jack Nicholson dizendo esta frase no filme Os Infiltrados. Mas não é necessário ser um criminoso assassino para viver esta filosofia. Cada vez que nos vangloriamos, a cada mentira que contamos, cada vez que somos indulgentes com a lascívia, cada vez que desencadeamos uma calúnia, cada vez que nos apegamos a um rancor, estamos seguindo o mesmo padrão básico: estamos tentando escalar e tememos nossa queda. De uma maneira ou outra, todos vivemos a tragédia.

No entanto, quando Jesus veio, suas primeiras palavras no Evangelho de Marcos foram estas:

O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho. (Marcos 1.15).

“Arrepender-se” literalmente significa “mudar sua maneira de pensar”. Você havia crido em más notícias. Você havia crido que não havia Salvador, não havia esperança e portanto vivia de acordo com isso. Você vivia a tragédia, crendo que, em relação a viver a boa vida, isto era consigo. Com esta mentalidade, você cria que Deus era o problema e você era a solução.

Mas não, disse Jesus, você deve se arrepender. Você necessita de uma revolução em seu pensamento que revolucionará sua vida. Deus não é o problema e você não é a solução. Você é o problema. Deus é a solução. Repense isto. Arrependa-se.

Repense Isto

Horace Walpole disse certa vez: “O mundo é uma comédia para quem pensa; uma tragédia para aqueles que sentem”. Isto é mais verdade do que talvez Walpole soubesse. Se simplesmente reagirmos emocionalmente às tristezas deste mundo, instintivamente consideraremos a vida como uma tragédia. Mas se pensarmos, mais precisamente, se repensarmos arrependidos, veremos que mesmo estas tristezas portam o caráter de uma comédia.

Tudo o que nos magoa terrivelmente neste mundo, dói porque não é como deveria ser. Toda mágoa é um exemplo de algo danificado. É a saúde destruída pela doença, a ordem arruinada pelo caos, o amor arruinado pelo ódio. Toda a nossa dor tem a ver com algo maravilhoso transformando-se em catástrofe. No entanto, esta é a forma de uma comédia, pelo menos em sua primeira parte. Pense! Até mesmo as nossas tristezas são testemunhas a favor da comédia, pois uma comédia é uma história que mergulha no vale, mas então (dá para acreditar?) termina em alta.

Poderia isto ser verdade? Pense! Olhe novamente para Jesus. Poderia ser ele a pessoa a mudar a história? Poderia ser ele o Autor inserindo-se no conto? Veio ele para dar uma reviravolta no enredo? Sua morte foi apenas uma tragédia ou é um ponto de inflexão? É Jesus um herói trágico numa causa perdida, ou é ele um pioneiro inconquistável, que venceu a morte e deflagrou uma esperança cósmica? Se você começa a ver que esta última opção é a realidade, então está começando a abraçar a comédia.

Vivencie a Comédia

Quando Jesus diz “Arrependei-vos e crede no evangelho”, Ele o está convidando a renunciar à tragédia e abraçar a comédia. Você costumava pensar que o objetivo da vida era subir ao topo da elite para aproveitar seu breve momento ao sol. Isto é absolutamente trágico. Arrependa-se. Jesus o convida a abraçar a comédia.

“Maravilhoso!”, você diz, “Me parece ótimo!”. Bem, é verdade. Mas esta é a realidade da alegria: o rosto sorridente, primeiro para baixo e depois para cima. Primeiro há o descer ao vale de servir, de se sacrificar, de sofrer. É o seguir do caminho de Cristo, de amar ao próximo.

Vivenciar a comédia significa nos doarmos profundamente, com a esperança certa de vindicação. É o oposto de nossos caminhos naturais e trágicos. Costumávamos tentar subir no mundo, para agarrarmos a vida egoisticamente. Agora renunciamos a isto. O caminho vai para baixo e depois para cima. Portanto, damos nossas vidas para os outros e descobrimos que estamos curtindo a vida real; a vida de Cristo, a vida do reino.

Nada disso é o preço de nossa salvação. Esta é a forma. Por causa de Jesus; por causa da Páscoa, realmente existe um final feliz. A vida é realmente uma comédia divina. Aja em conformidade.

Nota dos editores: Este é um trecho de Divine Comedy [A Comédia Divina], o novo livro de Glen Scrivener, disponível através do site “10 of Those” nos Estados Unidos e no Reino Unido. 

Traduzido por Raul Flores

 

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