Para muitos, o Natal é uma época de alegria, reunião familiar e até mesmo de reencontro com Deus. Mas talvez neste Natal você se sinta vazio, com dúvidas que se infiltraram em seu coração e enfraqueceram os alicerces de sua fé.
Talvez as perguntas sejam filosóficas: por que um Deus bondoso permitiria tanto mal? Por que ele não impediu o ataque do Hamas antes que acontecesse? Por que ele permite que tantas pessoas inocentes morram?
Talvez as perguntas sejam profundamente pessoais: por que Deus não interveio em minha dor, salvou meu casamento, curou o câncer de minha mãe ou trouxe meu filho de volta para casa?
Lugar para os Céticos
Acredite ou não, o Natal é para aqueles que tem dúvidas. As narrativas de Natal em Lucas 1-2 mostram pessoas cheias de dúvidas. Maria e José, um casal recém-noivado, de repente se veem envolvidos em um escândalo devido à gravidez divinamente induzida de Maria, uma gravidez que ela não esperava nem pediu. Apesar de já serem os mais pobres entre os pobres, Deus também os escolheu para serem párias sociais? Por que essa maneira específica de trazer o Filho de Deus ao mundo?
Aqui está um fato chocante: muitos capítulos da Bíblia foram escritos por pessoas que lutavam com dúvidas e questões difíceis. Leia os Salmos, os lamentos dos profetas e as perguntas perplexas dos discípulos durante a vida de Jesus. Eles não conseguiam entender o que Deus estava fazendo.
Espaço Para a Fé
A boa notícia é que esses céticos encontraram motivos para crer—não porque todas as suas perguntas foram respondidas, mas apesar de não terem sido.
Falando biblicamente, se você está esperando uma resolução definitiva para todas as suas perguntas antes de crer, jamais encontrará a fé. Isso não quer dizer, no entanto, que a fé seja infundada. Maria e José tiveram uma gravidez milagrosa, um visitante angelical e centenas de anos de profecia messiânica para se apoiar. Justamente por esses eventos serem inegáveis, Maria e José encontraram a capacidade de viver com o inexplicável. A fé, para eles, significava aceitar o que não podiam compreender completamente, com base no que eles podiam testemunhar .
Também temos motivos para crer. Nós vemos ainda mais cumprimentos de profecias do que Maria e José presenciaram. Jesus cumpriu mais de 300 profecias messiânicas específicas durante sua vida—incluindo quando iria nascer (Is 40.3-4; Dn 9), seu local de nascimento (Mq 5.2; Os 11.1), quem seriam seus antepassados (Gn 12.3; 17.19; 49.10; 2 Sm 7.12–13), como ele viveria (Is 6.9–10; 61.1–3; Sl 78.1–2), as circunstâncias de sua traição (Sl 41.9; Zc 11.12–13), e como ele morreria (Is 53; Sl 22), entre muitas outras.
Talvez ainda mais convincente, vemos que todas as histórias na Torá e nos Profetas criaram uma expectativa messiânica na qual Jesus se encaixa perfeitamente como a semente da libertação prometida a Adão e Eva, o cordeiro substituto fornecido a Abraão, o cordeiro perfeito do sacrifício levítico, o servo sofredor de Isaías e o profeta semelhante a Jonas lançado ao mar da ira de Deus para proclamar o perdão ao mundo, entre outras semelhanças.
O maior de todos os motivos para crer é a ressurreição. Muitos estudiosos chegaram à mesma conclusão que o teólogo alemão Wolfhart Pannenberg: “As evidências para a ressurreição de Jesus são tão irrefutáveis que ninguém as questionaria, exceto por duas coisas: primeiro, é um evento muito incomum. E segundo, se você acredita que aconteceu, tem que mudar a sua forma de viver”. Não acredita em mim? Sugiro que você mesmo se aprofunde no estudo.
Se Jesus não ressuscitou dos mortos, nada do que ele disse teria importância. Mas se a ressurreição de fato aconteceu, então temos uma razão poderosa para crer em Jesus. Mais do que isso, podemos deixar de lado nossas dúvidas e concordar em segui-lo a partir de um lugar de confiança.
Espaço para Jesus
Não permita que suas dúvidas roubem sua alegria neste Natal. A dúvida, eu ousaria dizer, é muitas vezes divinamente induzida—claro que não a dúvida em si, mas a situação que a cria. São como pés prontos para avançar ou recuar em fé. A dúvida pode, de fato, te levar para trás, ao desespero. Mas você não pode ir em frente com fé até que comece a andar.
Ainda há muito sobre o sofrimento que não compreendo. No entanto, a vida, morte e ressurreição de Jesus me mostram uma coisa que o sofrimento não pode significar: que Deus me abandonou, esqueceu de mim ou me deixou na mão.
Acredite o suficiente para estar em paz com suas dúvidas neste Natal. Como Tim Keller sempre disse, se você se orgulha de questionar tudo, vá um passo adiante: duvide das suas próprias dúvidas. O túmulo vazio de Jesus lhe dá um bom motivo para isso. Você está disposto a colocar sua fé, confiança e esperança na obra consumada de Cristo este ano?
Você tem dúvidas? Saiba que está em boa companhia. Na presença de Jesus, aqueles que têm dúvidas—assim como eu e você—são bem-vindos.
Traduzido por Cláudio Lopes Chagas