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Foi brincalhão, engraçado, às vezes rude e às vezes evangelístico. As risadas da plateia abruptamente silenciaram quando foram feitas menções a Deus e ao sacrifício de sangue derramado. Isto porque o ator Chris Pratt usou seu discurso de aceitação dos Prêmios da MTV de 2018 para fazer referências a fé e a Graça.

Ele revelou sua estratégia de comunicação em seu quarto ponto: “Ao dar um remédio para cães, coloque o remédio em um pedacinho de hambúrguer e eles nem saberão que estão ingerindo medicamentos”. O discurso de Pratt foi um cavalo de Tróia para a Graça de Deus.

Embora não tenha sido um guia exaustivo para a pregação do evangelho, foi um bom exemplo do que parece ser, como o apóstolo Paulo diz, buscar uma “porta aberta para o Evangelho” de modo a “aproveitar as oportunidades” com as pessoas de fora (Cl 4.3–5). Quem teria pensado que o Show de Premiação da MTV apresentaria um exemplo cativante sobre como falar de Deus?

Dentro da Mente Ateísta

O novo livro “Inside the Atheist Mind: Unmasking the Religion of Those Who Say There Is No God” [Dentro da Mente Ateísta: Desmascarando a Religião Daqueles Que Dizem Que Deus Não Existe], por Anthony DeStefano, oferece uma abordagem alternativa. Se você não puder fazer amigos e influenciar pessoas, DeStefano escreveu, pode “esmagá-las”. Seu objetivo é revelar a agenda dos novos ateus “desagradáveis ​​e agressivos”.

Para começar, é claro que há trechos na Bíblia em que uma palavra firme de advertência e julgamento é dada a alguém, sem desculpas. Deus não deve uma explicação otimista a ninguém. Os profetas não chegaram com flores e chocolates antes de declararem: “Assim diz o Senhor”. Também é óbvio ao lermos os evangelhos, que há momentos em que Jesus não mede as palavras com seus adversários.

E quem poderia ser mais digno de linguagem e condenação fortes do que aqueles que mais entusiasticamente negam a existência de Deus – os novos ateus. Essa é a abordagem adotada por DeStafano. Ele nos diz que “Na opinião deste escritor, muitos dos trabalhos escritos em resposta a estes pseudo-intelectuais fanfarrões têm sido demasiadamente gentis.”

DeStefano, um escritor que mora em Nova York, certamente não será acusado de ser demasiadamente gentil. Ele deixa clara sua filosofia para qualquer ateu que possa esbarrar em seu livro: “Não haverá qualquer mimo, respeito por seus pontos de vista, debate amistoso, diálogo ou dar a outra face”.

Às vezes, DeStefano faz distinção entre tipos de incredulidade – entre os evangelistas zelosos da internet e os céticos mais cautelosos e contemplativos. Mas tais nuances se perdem em suas generalizações e xingamentos. Às vezes, as linhas do livro são uma reminiscência de escritos da mídia social. “Depois da arrogância”, escreveu DeStafano, “a característica predominante do ateu moderno é a ignorância – uma ignorância tremenda”.

Porcos e Pérolas

Mas, pode alguém contestar, no Sermão da Montanha Jesus nos disse para não dar aos cães o que é santo ou não lançar nossas pérolas ante os porcos (Mt. 7.6) Muitos estudiosos veem isso como uma referência a compartilhar as bênçãos da fé com aqueles que a desprezam; outros compreendem como compartilhar repetidamente o Evangelho com aqueles que o rejeitam. Afinal de contas, Jesus disse aos discípulos quando os enviou para pregar, que se uma aldeia não respondesse ao Evangelho, eles deveriam sacudir a poeira dos seus pés e seguir em frente. (Mt 10.14).

Certamente, é necessário sabedoria. Os apóstolos seguiram a orientação do Espírito para discernir quando seguir para uma cidade diferente, tal como Paulo fez quando fugiu de Damasco a noite (At 9.25), e quando permanecer onde estavam, tal como Paulo fez em Roma (2 Tm 4.6-7).

Além disso, Jesus nos ensinou “amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem”, mostrando-nos que se amamos somente aos nossos irmãos – isto é, aqueles que concordam conosco – então não somos em nada melhor do que os publicanos ou gentios (Mt 5.44-48). Em suma, Deus tem uma expectativa maior de nós.

E embora não devamos lançar nossas pérolas ante os porcos, também não devemos cobrir nossas pérolas de lama e atirá-las em nossos inimigos intelectuais. Sim, existem alguns tesouros enterrados no livro de DeStafano. Existem alguns argumentos apologéticos que podem e devem ser tomados e reaproveitados para uso em conversas evangelísticas. Seu tom, no entanto, não deve ser imitado.

Hitchens e o Homem Eterno

O último capítulo do livro começa e termina com referências ao falecido Christopher Hitchens. DeStafano inclui uma longa citação de The Everlasting Man [O Homem Eterno], de G.K. Chesterton, argumentando que é algo que “os ateus militantes do século XXI devem considerar cuidadosamente”.

Embora isto não tenha sido indicado no livro, na realidade, Hitchens considerou este texto.

Em seu leito de morte, Hitchens leu centenas de páginas das obras mais conhecidas de Chesterton. De fato, o último ensaio que Hitchens escreveu foi sobre G.K. Chesterton. Christopher Hitchens faleceu em 15 de dezembro de 2011. Seu ensaio sobre Chesterton foi publicado no The Atlantic alguns meses depois, em março de 2012.

Isto ilustra a natureza da crença e da incredulidade, não é? Nós nunca sabemos onde alguém se encontra por dentro, em seu mundo privado, cheio de perguntas não formuladas, preocupações e dúvidas. Podemos fazer muito mal trabalhando a partir de suposições, caricaturas e chavões.

Embora devamos tentar entrar na mente ateísta para entender melhor nossos vizinhos incrédulos, como cristãos devemos fazê-lo com a mente de Cristo, para que possamos temperar nossas palavras com sal e falar a verdade em amor. E, se necessário, misturar com um pouco de carne moída.

Traduzido por Nathanael Baldez.

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