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As Riquezas Incomparáveis de Deus Significam que Nada Nos Falta

Um dos maiores incentivos que a Bíblia oferece aos crentes para protegê-los de serem escravizados por dinheiro, bens ou riquezas é que Deus é incomparavelmente rico. Vivemos em um mundo onde a maioria das pessoas pensa: “quanto mais rico, melhor”. E há uma boa razão para isso. Com mais dinheiro há mais acesso a alimentos mais saudáveis, melhores cuidados de saúde, educação de melhor qualidade, aumento da expectativa de vida, etc. Há a sensação de que “o dinheiro atende a tudo” (Ec 10.19).

No entanto, aqueles que querem viver suas vidas sob a autoridade da Bíblia necessitam sempre se perguntar: “Como podemos equilibrar a realidade da necessidade do dinheiro com a necessidade de nos protegemos de sermos dominados por ele?” Uma resposta bíblica importante é que…

Deus É o Dono de Tudo

Deus é incomparavelmente rico, e Ele é a nossa herança. Deus é tão rico que se identifica como possuidor de gado aos milhares sobre as montanhas (Sl 50.10). O contexto desta alegação ousada é importante ter em mente. O que Deus procura fazer entender ao seu povo, que parece ter sofrido um lapso moral fatal, é o seguinte: “Eu sou auto-existente”.

Muitas vezes usamos este versículo em orações pela provisão de Deus e isso é bom. Mas deve-se notar que o impulso do que está sendo dito no contexto é que Deus não tem deficiências. Ele não tem necessidades. Ele nunca tem qualquer desejo que suas criaturas necessitem suprir. Mas por que a imagem específica de gado sobre montanhas? Quando o Salmo foi escrito, o gado era um critério para medir a riqueza e a grandeza (ver, por exemplo, 1Sm 25.2; 1Rs 8.63; 2Rs 3.4; 1Cr 5.21; 2Cr 7.5; 15.11).

Hoje poderíamos argumentar que a riqueza é medida em dólares americanos, mas para o salmista o gado era moeda. A imagem do “gado aos milhares sobre as montanhas” despertaria deslumbramento no coração dos israelitas, mostrando-lhes a grandeza de Deus.

As imagens sugerem que contar o gado individual possuído por Deus seria impossível. Desta maneira, o salmista contrasta as riquezas de Deus que é auto-existente com as riquezas de curta duração de cada homem mortal, que depende de Deus para cada ato de respirar (Sl 50.10-12).

Toda a Bíblia pulsa com a verdade imponderável das riquezas incomparáveis de Deus: Melquisedeque disse que Deus possui os céus e a terra (Gn 14.19). Davi declarou que todas as coisas vêm de Deus e quem dá a Deus só dá o que já é de Deus (1Cr 29.14). De acordo com Paulo, Deus é tão auto-suficiente que dá a toda humanidade vida, respiração e tudo mais (At 17.25).

Portanto, é inegável que ninguém jamais deu a Deus algo que necessitasse ser pago; de Deus, por Deus e para Deus são todas as coisas (Rm 11.35-36).

A Cruz Exibe as Riquezas de Deus

Como se encaixaria a cruz de Jesus Cristo na verdade de tirar o fôlego das infinitas riquezas de Deus? O fato de que Deus é incomensuravelmente rico não é algo que tem relevância apenas para as necessidades temporárias que enfrentamos nesta vida. Não é simplesmente uma arma para combater a ansiedade quando estamos em dificuldades financeiras ou com necessidades materiais (embora de fato seja). Mais importante ainda, esta verdade toca no centro nervoso da nossa fé.

Nossa experiência de salvação é devido às riquezas inesgotáveis de Deus. São estes tipos de riquezas redentoras que alimentam as implorações do salmista de esperança em Deus: “Espere Israel no SENHOR, pois no SENHOR há misericórdia; nele, copiosa redenção. É ele quem redime a Israel de todas as suas iniquidades” (Sl 130.7-8). Paulo declarou, que nossa experiência de salvação está explicitamente enraizada nas infinitas riquezas de Deus ao escrever:

“Mas Deus, sendo rico em misericórdia, (…) nos ressuscitou [com Cristo], e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus; para mostrar, nos séculos vindouros, a suprema riqueza da sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus” (Ef 2.4-7).

Deus (em Cristo) abriu mão de tudo, incluindo sua própria vida, como o próprio Cristo disse: “eu dou a minha vida para a reassumir. Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la” (Jo 10.17-18; Ef 5.2; Fp 2.6-8; Tt 2.14). Mas Cristo não só deu a sua vida e a reouve. Fomos ressuscitados com ele (Ef 2.6). Deus nos ressuscitou com Cristo para mostrar, nos séculos vindouros, a suprema riqueza da sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus.

O que Deus fez pelos crentes em Cristo garante o fato de que quando entrarmos nos novos céus e na nova terra haverá tamanha infinitude de riqueza requintada que o ouro só servirá para pavimentar ruas (Ap 21.21). Portanto, mesmo que nos consideremos como nada tendo, a eternidade provará infalivelmente que possuímos tudo (2Co 6.10).

Como Devemos Viver Então?

Como as abundantes riquezas e a generosidade de Deus para conosco em Cristo devem moldar o modo como vivemos? Devemos viver com uma perspectiva do reino que diz: “Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza; porque a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui” (Lc 12.15). Estas palavras de nosso Senhor são valiosas porque nos protegem do erro letal de definir o problema em termos de se alguém é rico ou pobre.

O que escrevi acima pode ser facilmente interpretado erroneamente como significando que há um bem moral inerente em ser pobre. Isto seria interpretar mal o ensinamento da Bíblia. Somos claramente informados de que Deus dá enormes quantidades de riqueza material e financeira a alguns de seus redimidos (1Tm 6.9). Tanto os pobres como os ricos podem cometer o erro fatal de pensar que nossas vidas consistem na abundância do que possuímos.

Os corações dos pobres e dos ricos estão inclinados a servir ao dinheiro. Se uma pessoa pobre pensa que seu valor é definido por posses, ela estará cheia de cobiça e, em muitos casos, pecará para adquirir riqueza. Por outro lado, aqueles que são materialmente ricos podem ficar ensoberbecidos por causa do que possuem. O cristão que compreendeu as palavras de Jesus — “a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui” — pensará e viverá de forma diferente.

Seja na fartura ou na fome, na abundância ou na necessidade, o cântico tema de seus corações será e deverá ser: “Quem mais tenho eu no céu? Não há outro em quem eu me compraza na terra. Ainda que a minha carne e o meu coração desfaleçam, Deus é a fortaleza do meu coração a minha herança para sempre” (Sl 73.25-26). Isto podemos dizer com confiança inabalável, porque somente pela graça de Deus fomos feitos co-herdeiros com aquele a quem o Pai deu e está dando as nações como sua herança, os confins da terra como sua possessão (Ap 2.26-27).

Traduzido por: Marq

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