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Nos últimos meses, temos visto o surgimento das “Batalhas no Twitter” em torno de questões polêmicas como a loja de departamentos Hobby Lobby, casamento gay, liberdade religiosa, ortodoxia evangélica, etc. Tendem a se desenvolver desta forma:

  • Uma pessoa bem conhecida, com um grande número de seguidores de uma determinada tribo, diz algo chocante ou incendiário, com a intenção de provocar uma resposta de seus adversários ideológicos.
  • Ou a batalha começa quando uma pessoa famosa se envolve com outra pessoa famosa sobre um assunto polêmico, onde as emoções são fortes.
  • Os dois adversários ideológicos se zombam mutuamente algumas vezes, reduzindo a complexidade de seus pontos de vista a apenas 140 caracteres.
  • Os seguidores de ambas as tribos agem como torcedores em arquibancadas, torcendo por seu herói, seja elogiando-os ou atacando seus adversários.
  • Todo mundo fica devidamente ofendido e a conversa termina desgastada.

Sei o que é uma batalha no Twitter porque já me envolvi com isso, uma ou duas vezes. Depois da última vez, cheguei à conclusão de que essas interações online são praticamente inúteis na criação e sustentação de conversas reais e significativas sobre questões altamente controversas.

O Twitter é um lugar para conversar, mas quando se entra em modo de batalha, creio que o diálogo legítimo já acabou. As batalhas do Twitter são como dar um espetáculo para o prazer perverso (ou desespero) do público do Twitter. Será que quem observa a um desses desastres já disse: “Quer saber? Você me convenceu! Estou errado e você está certo”. Ninguém. Jamais.

Recusei-me a me envolver na maioria dessas brigas de Twitter, mas depois de ter entrado nelas uma ou duas vezes, decidi não mais faze-lo. Gosto muito de conversar no Twitter, mas assim que percebo a conversa virando uma batalha, a partir deste ponto, eu pulo fora. Eis o motivo:

1. As Batalhas no Twitter são Desumanizadoras.

Este é o grande problema para mim. As pessoas tendem a interpretar as batalhas do Twitter com as suas próprias emoções, razão pela qual a retórica cresce rapidamente e todo mundo fica irritado e cruel. Pelo menos, é o que a mim me parece.

Este é um lugar onde as mídias sociais e a tecnologia nos decepcionam (ou simplesmente não estamos à altura da tarefa). Não conhecemos realmente as pessoas de quem estamos zombando. É muito fácil colocar as pessoas em facções, tirar as piores conclusões dos tweets delas, e em seguida, criar um ideólogo da nossa própria imaginação, em vez de uma pessoa real.

Não sou meu avatar. Nem o meu oponente o dele.

Não quero presumir o pior das pessoas com quem discuto e o Twitter torna isso difícil para mim. Por quê? Isto nos leva ao ponto nº 2.

2. O Twitter não é o melhor fórum para um diálogo sério e para o debate.

A maioria de nossas crenças mais profundamente enraizadas e sinceras simplesmente não podem ser reduzidas a 140 caracteres. Preocupa-me o fato de reduzirmos tudo ao mundo do Twitter, pois não fazemos jus à complexidade das nossas posições ou às pessoas que concordam ou discordam de nós.

Isso não é um problema de tecnologia. O Twitter é assim. Mas talvez ele não seja o melhor lugar para discussões importantes.

Tenho visto alguns bons diálogos no Twitter. Se você se envolver com um crítico de boa-fé, que está examinando tranquilamente suposições erradas ou um problema com um ponto que você fez, então, o Twitter pode se tornar um lugar onde você pode ser lapidado. Pelo menos, ele pode te fazer pensar.

E embora o Twitter possa ser uma ferramenta útil para iniciar uma boa conversa, ele provavelmente não deve ser o lugar onde essa conversa termina. Não sou contra críticas ou diálogo crítico, mas não quero nada que tenha a ver com os espetáculos que satisfazem a carne, que caracterizam muitas das batalhas online que já vi.

Os blogs têm limitações também, mas pelo menos há espaço ali para alguma análise ponderada e argumentação sólida. Se uma pergunta interessante aparece no Twitter, eu prefiro pensar melhor e dedicar um post a ela, e não tentar responder dentro das limitações do formato do Twitter.

3. As batalhas no Twitter são perda de tempo.

‘Chats’ e mensagens instantâneas podem ser uma forma eficiente de comunicação dentro de uma estrutura, mas o Twitter é como um chat público, com líderes de torcida de ambos os lados, expandindo a conversa até que o balão se torna cheio de ar quente. O celular que continuamente toca é um ímã que nos arrasta para dentro de um vórtex de retórica hostil crescente, até que as verdadeiras linhas de divisão fiquem escondidas atrás das máscaras do ultraje.

O Twitter é uma plataforma da qual gosto e que me beneficia. Mas as batalhas no Twitter são outra coisa completamente. Elas simplesmente servem para reforçar os piores estereótipos sobre nós e nossos oponentes ideológicos. É por isso que devemos ansiar pelo diálogo racional, com pontos de vista de ambos os lados, e não reações imediatas e incendiárias (e todos os lados de um debate podem ser culpados por isso!).

O Twitter pode ser um lugar onde começa a boa comunicação, mas nosso tempo seria melhor usado se continuássemos as conversar importantes em outro lugar.

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