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Eu tenho tentado orar mais este ano. Mas orar nem sempre é fácil para mim. Muitas vezes eu acho que sento para orar com a melhor da intenções, só para de repente me pegar, alguns momentos depois, sonhando com a conversa de ontem, a reunião de amanhã, ou as férias da semana que vem (você se identifica?).

A maioria de nós já experimentou isso, e o restante é mentiroso!

A distração pode ser um grande obstáculo na nossa vida de oração, mas eu também estou descobrindo que isso fornece uma oportunidade de crescimento. Aqui estão sete estratégias para combater a distração e aproveitá-la para aprofundar e direcionar nossas orações.

1. Ore com as Escrituras

Lembro-me de ouvir em algum lugar (não me lembro onde) que a Escritura nos ensina a orar como uma mãe ensina uma criança a falar. Deus nos fala através da sua Palavra, e depois falamos de volta com ele em resposta, assim quanto uma criança escuta seus pais e, em seguida, responde. Como o pai de um bebê de quase 3 anos que está falando mais e mais, e dizendo algumas coisas verdadeiramente hilariantes, esta é uma ilustração que ressoa comigo! E acho que é verdade em minha vida de oração.

O ponto da metáfora é que, assim como nenhum de nós já nasce sabendo como falar, não sabemos como orar por nossa conta. Aprendemos a orar mais frequentemente através de observação/imitação do que por instrução direta. Quando olho para as Escrituras para desenvolver e amadurecer meus instintos de oração, vejo que ela não só informa o conteúdo dos meus pedidos, mas também me ajuda a cultivar os impulsos e apetites que os sustentam.

Há tantas coisas nas Escrituras que a minha carne jamais pensaria em pedir. Eu normalmente não peço por coragem quando perseguido (Atos 4:29), ou interpreto a minha dor à luz da honra de Deus e seu plano redentor (Neemias 1:5-11), ou digo coisas como “ensina-nos a contar os nossos dias para que alcancemos um coração sábio”(Salmo 90:12). Mas repetidamente, as Escrituras repreendem minhas frivolidades, minhas orações auto-orientadas e as reorientam para dentro do contexto maior da glória de Deus, da igreja, da eternidade, e do avanço do Evangelho.

Algumas orações bíblicas que podem ser especialmente dignas de meditar para concentrar nossas mentes e corações:

  • Neemias 1:5-11: a oração de Neemias quando ele ouve que os muros de Jerusalém ainda estão caídos
  • Daniel 9:1-19: a oração de Daniel pelo povo de Deus durante o exílio
  • II Crônicas 20:1-12: a oração de Josafá pela libertação do ataque
  • Efésios 3:14-21: A oração de Paulo por força espiritual para compreender o amor de Cristo
  • Mateus 6:9-13: Pai Nosso (esta é muitas vezes uma ótima para começar)

2. Ore com uma caneta

Acho que é útil de vez em quando escrever uma oração. A oração escrita não deve ser uma substituta da oração vocal/mental, mas eu acho que funciona de forma muito eficaz como um complemento a ela. Quando você está escrevendo, há um tipo de disciplina mental e intencionalidade que muitas vezes está ausente na comunicação vocal. É mais difícil de se distrair, e isso lhe permite canalizar e estruturar a sua oração um pouco mais.

Um benefício adicional é ser capaz de voltar, mesmo anos mais tarde, para ver como Deus respondeu às suas orações — ou (mais comumente, na minha experiência) mudou o que você ora!

3. Ore em jejum

Oração e jejum são práticas saudáveis ​​em si, mas trabalham especialmente bem juntas. Quando os nossos estômagos estão vazios, isso nos lembra de orar: “Senhor, enche minha alma!” Quando somos diligentes na oração, isso nos ajuda a lidar com as dores da fome.

Acho que uma das áreas que eu preciso jejuar é com a mídia social. A mídia social muda a maneira como nossos cérebros funcionam. Ela acelera o fluxo de informações, tumultua nossa consciência, e reduz a nossa capacidade de coisas como meditação, reflexão, silêncio. Não é uma transição fácil da navegação no Facebook e Twitter durante horas para o demorar-se diante do Senhor em oração.

Quando Jesus orava, por exemplo, muitas vezes ele saía para “um lugar desolado” (Marcos 1:35). Como ele, precisamos cultivar a disciplina da solidão, a disciplina do silêncio diante do Senhor. Nós não devemos nos surpreender com estamos dispersos e distraídos em oração, se estamos dispersos e distraídos o tempo todo.

4. Ore com as Pessoas

Eu acredito que a oração coletiva e a oração individual alimentam uma a outra (tipo como a oração e o jejum). A oração coletiva é ainda mais poderosa se já estivermos orando sozinhos; e a oração individual é instruída e incentivada pelas maneiras em que temos visto Deus trabalhando nas orações dos outros.

Não é apenas mais difícil de se distrair quando você não está sozinho, mas Cristo promete a sua provisão (Mateus 18:19) e sua presença (Mateus 18:20) para as orações de “dois ou três.”

5. Ore com Propósito

A distração floresce com o amorfo, o ambíguo, o indefinido. Acho que me ajuda a manter o foco se eu estruturar meu tempo de oração de maneiras específicas. Por exemplo, eu poderia estruturar uma oração em torno de um aspecto particular do caráter de Deus. “Senhor, hoje eu vi tua fidelidade através de…” Ou eu poderia me concentrar em uma área específica de necessidade: “Senhor, ultimamente meu coração tem estado frio, porque …”.

É difícil divagar quando há um tema ou algum tipo de estrutura de orientação à oração.

Além disso, se você está constantemente se distraindo com as mesmas coisas, você pode considerar orar sobre essas mesmas coisas, quaisquer que sejam, que estão distraindo você. Converta a distração em uma oportunidade; potencie seu domínio sobre sua mente e coração para intensificar suas orações. “Senhor, estou distraído hoje por _____. Eu te entrego isto…”

6. Ore com Emoção

Há um tipo de manipulação insalubre que pode ocorrer na tentativa de despertar emoções as quais pensamos que devemos estar sentindo através de um ato da vontade. Por outro lado, também não é saudável deixar que nossas emoções tenham soberania intacta sobre a nossa vontade. Há uma maneira de envolver ativamente nossas emoções (em vez de passivamente experimentá-las), que é inteiramente apropriada, e pode nos ajudar a combater as distrações.

Davi, por exemplo, interroga suas emoções, “Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim?” (Salmo 42:5); ele invoca suas emoções, “tudo o que há em mim bendiga ao seu santo nome” (Salmo 103:1); ele argumenta com suas emoções, “O SENHOR é a minha luz e a minha salvação; de quem terei medo?” (Salmo 27:1)

Se houver emoções particulares que estão levando a distração (tédio? ansiedade? interesse próprio?), fale com elas, como Davi faz — envolva-as com as contra-emoções exigidas pela verdade.

7. Ore com o Evangelho

Spurgeon uma vez aconselhou pregadores a, caso eles se percam no sermão e/ou não saibam o que dizer em seguida, para irem direto para o Evangelho. Isso é um bom instinto, e eu acredito que ele pode nos ajudar em nossa vida de oração também. Se tudo mais falhar, se a distração continua pervadindo, continue tornando em direção ao Evangelho. Muitas vezes eu acho útil orar com este tipo de estrutura:

Senhor Jesus, aqui é onde eu estaria sem ti _____.
Senhor Jesus, aqui é onde estou agora contigo em minha vida _____.
Senhor Jesus, isso é o que passaste para fazer isto _____.

O Evangelho nunca fica sem emoção, temor, poder admirável. Jesus nos resgatou do pecado, a morte e ruína eterna. Ele nos adotou na família celestial, nos revestiu com sua justiça, e nos convidou para participar de sua glória eterna. E ele o fez a um infinito custo — no momento em que o sangue drenava lentamente de suas veias, quando afundava para a morte e derrota, quando os amigos fugiam e os inimigos escarneciam, quando (o pior de tudo) o amor entre o Pai e o Filho, que reverberou por toda a eternidade agora foi rompido e separado.

É difícil sonhar quando nossos corações e mentes estão focados nas grandes verdades do inferno, do céu, e do Calvário. Faça deles o norte de sua vida de oração, e isso irá ajudá-lo a lutar contra a distração.

Publicado originalmente em gavinortlund.com.

Traduzido por Victor San.

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