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3 Razões para Estudar as Genealogias Bíblicas com Nossos Filhos

Era uma noite como qualquer outra — nossos filhos vestidos de pijama se reuniram e abrimos as Bíblias para o culto em família. Mas naquela noite, nosso estudo topou com uma genealogia bíblica. Deveríamos passar por cima ou escavar um pouco? Afinal, se um sermão sobre genealogias — ainda que pregado por um pastor bem instruído — pode parecer como “ir ao dentista ou ir ao INSS”, então que chance uma mãe ou um pai tem, para ensinar com sucesso esses textos para crianças? E como pode uma genealogia ajudar nossos filhos?

Estas foram boas perguntas, no entanto foram seguidas por outras melhores.

E se ao evitarmos trechos específicos das Escrituras estivermos dando uma lição aos nossos filhos? Damos a impressão de que apenas certos trechos da Bíblia são adequados para famílias quando limitamos nossos estudos a passagens conhecidas ou mais fáceis de aplicar? E qual fruto — se diligentemente colhidos — dessas árvores genealógicas bíblicas poderia nutrir nossos discípulos em crescimento?

Seguimos em frente com nosso devocional em família e descobrimos três verdades.

1. As Genealogias São Inspiradas.

Ser mãe me ensinou o seguinte: o que penso sobre a Bíblia é revelado na maneira como a ensino aos meus filhos. Posso dar palestras teológicas sobre a infalibilidade, inerência e valor da Palavra de Deus — mas meu julgamento em termos de coração é visto no contexto comum dos devocionais na hora de dormir. O modo como abordo as Escrituras nessas situações cotidianas diz muito aos meus filhos.

R.C. Sproul escreveu: “Uma coisa é aquiescer intelectualmente a uma proposição, mas depositar confiança pessoal nela é outra coisa.” Nesse caso, o encontro da hora de dormir de nossa família com uma genealogia veio com uma oportunidade de autoexame: Será que confio que toda a Escritura é “inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça,” (2Tm 3.16)? Se assim for, por que não estudar uma genealogia bíblica para o benefício de nossos filhos?

Creio que a Bíblia foi escrita por autores humanos, mas foi inspirada por Deus. Os 66 livros das Escrituras foram escritos por vários autores em diferentes contextos e diferentes períodos históricos. Existe uma diversidade de autores originais e, no entanto, todos esses escritores foram ensinados pelo mesmo Espírito Santo. Juntos, eles escreveram palavras “ inspiradas por Deus”, infalível vara de medir para a Igreja.

Visto que Deus é a fonte de cada palavra nas Escrituras Sagradas, cada palavra tem autoridade divina. Quando perambulamos com nossos filhos por diferentes livros e gêneros literários, os ajudamos (e a nós mesmos) a lembrar que toda a Bíblia é inspirada por Deus e útil para fé e prática — sim, até mesmo as genealogias.

2. As Genealogias Realçam a História Maior

Você já deve ter ouvido esse testemunho antes: uma cristã cresce ouvindo histórias isoladas da Bíblia. Mais tarde na vida, ela descobre que esses vários relatos, todos reunidos, proclamam um evangelho glorioso. Ela fica encantada por ver a revelação de Deus nas Escrituras, porém se pergunta por que ela nunca havia visto isso antes. Pais que não desejam que esse testemunho ocorra em suas casas, podem achar as genealogias úteis.

As crianças provavelmente não notarão o quadro geral das Escrituras sem alguma intencionalidade de seus pais. Elas estão acostumados a ouvir livros de histórias independentes e podem ter a tendência de ver os personagens da Bíblia como pessoas isoladas e não relacionadas. Abraão, Rute e Davi provavelmente parecem personagens independentes, sem conexão.

Obviamente, as narrativas da Bíblia são distintas, pois cada uma possui um contexto único, bem como um significado específico pretendido pelo autor divino e humano. Mas essas passagens também se enquadram no contexto mais amplo da história da redenção em desdobramento, a qual pertence a Deus. Isso significa que — histórica e cronologicamente — as histórias individuais de Abraão, Rute e Davi se somam para testemunhar sobre uma pessoa: Jesus Cristo, o mediador da nossa salvação (Jo 5.39).

Se o objetivo dos pais é retratar uma história sequencial do evangelho, quão útil é uma passagem como Mateus 1.1-17? Essa genealogia nos leva dos filhos de Abraão a Davi (bisneto de Rute); dos reis de Judá ao exílio na Babilônia; e desde o período pós-exílico até “José, marido de Maria, da qual nasceu Jesus” (Mt 1.16).

A genealogia de Mateus fornece a nossos filhos um belo esboço cronológico dos propósitos de Deus na história de Israel. Este primeiro capítulo do Novo Testamento pode nos ajudar a conectar os pontos para eles: Jesus é o filho prometido da descendência de Abraão, o resgatador definitivo de Rute e o rei eterno no trono de Davi. Do Antigo Testamento até hoje, ele cumpre todas as promessas de Deus.

3. As Genealogias Manifestam a Redenção

Lembro-me da noite em que ensinei a história da rainha Atália a meus filhos. Nosso livro devocional nos levou a 2 Reis 11.1-3, onde aprendemos sobre essa filha de Acabe e Jezabel e de sua tentativa de extinguir a casa real de Judá. A sede de poder de Atália a levou a matar seus próprios filhos e netos. Meus filhos, surpresos com sua insensibilidade, perguntaram: “Mamãe, como Deus pode trazer o bem de algo tão mau?” A pergunta deles me trouxe à mente as genealogias bíblicas.

Lembrei-me que Atália não foi a primeira a planejar a extinção do povo de Deus.

Faraó havia tentado a mesma coisa; e Herodes, no Novo Testamento, procuraria fazer o mesmo. Contudo todos fracassaram. O decreto mortal de Faraó em Êxodo 1.22 contrasta com a genealogia de Moisés em Êxodo 6.14-27. A lista dos descendentes de Davi em 1 Crônicas 3.1-24 debocha do expurgo de Atália. A genealogia de Mateus, no capítulo 1, assegura-nos que o massacre de Herodes, no capítulo 2, não alcançará o fim desejado. Deus levanta pessoas como Atália, Herodes e Faraó “para mostrar… o meu poder… por toda a terra” (Rm 9.17). As genealogias bíblicas se gloriam da força triunfante de Deus sobre os planos humanos.

Davi, Salomão, Joás, Josias e Zorobabel são nomes que contribuem para a continuação da antiga promessa das Boas-Novas de Deus em Gênesis 3.15. A proliferação do seu povo proclama que nenhum obstáculo pode impedir seu plano de redenção. As linhagens na Bíblia nos lembram que a Palavra de Deus é verdadeira. Esses nomes que lemos nos encorajam a confiar na em breve consumação de todas as coisas.

Deus redime pessoas reais na história. Ele está reunindo o número total de seu povo no Lar. As genealogias da Bíblia nos permitem fazer grandes perguntas a nós mesmos (e a nossos filhos): Nosso nome está incluído no povo de Deus? Estaremos nós um dia reunidos com Ele no Lar?

Traduzido por Mauro Abner.

 

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